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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A história de um mineiro na Califórnia


Senhor, dá-me um raio de luz e mostra-me o valor de uma alma!


Quis, em tempos, ser missionária, mas foi outra a minha vida”. O correr da vida levou-me às costas do Pacífico, na Califórnia.
Falaram-me ali de certo tuberculoso que estava a expirar e acrescentavam: É um homem tão repugnante que não se lhe pode tolerar a companhia: alguns vizinhos levam-lhe de comer todos os dias e deixam-no ao seu lado. Qualquer dia irão encontrá-lo morto. Quanto mais cedo melhor. Esse homem nunca teve alma pelos jeitos. Essa história impressionou-me: não pude esquecer desse moribundo abandonado. Durante o dia no lidar da casa pensava constantemente nele. Resolvi, por fim, procurar um homem Cristão para ir visitá-lo. Procurei por três dias e já desalentada com a indiferença da última resposta, comecei a pensar: “Por que não iria eu mesma vê-lo? Não queria eu um trabalho missionário e não é esse um trabalho missionário?”. Não havia ainda pensado em tal.
Resolvi partir um dia para a montanha em busca da choupana do abandonado. Ali chegando, encontrei a porta aberta e a um canto sobre um pouco de palha o moribundo envolto em alguns farrapos. O pecado assinalara de modo horrível aquele semblante. Logo que esse homem percebeu a minha sombra à entrada, desferiu-me um olhar terrível e fez chover uma nuvem de blasfêmias. Adiantei-me sob esta saraivada infecta e disse - Não fale assim meu amigo - Não sou seu amigo. Não tenho amigos, replicou ele. – Pois bem, eu tenho-lhe amizade e.... -, mas a tempestade de pragas continuava: - não pode ter amizade, nunca houve quem me tivesse amizade, e agora não quero mais procurar amizade de ninguém, - Dei-lhe algumas frutas que trouxera e perguntei-lhe se não se lembrava de sua mãe, procurando enternecer-lhe o coração; ele, porém blasfemou contra sua mãe. Perguntei-lhe se não tivera uma esposa; ele blasfemou contra esposa. Falei-lhe de Deus ele blasfemou contra Deus. Procurei fazê-lo pensar em Jesus, na sua morte por nós, mas dirigiu-me uma tremenda injúria dizendo-me: - Tudo isto é mentira. Ninguém jamais morreu por outrem.
Fiquei desalentada e pensativa: - Não há esperança -. Voltei no dia seguinte e continuei invariavelmente por duas semanas, sem notar mudanças. Afinal resolvi: - Não irei mais -. À noite deitando meus filhinhos, não orei como de costume pelo mineiro. Meu filho notou a diferença e disse: - Mamãe, você não orou pelo homem mau -. Não pude dormir aquela noite. Aquele homem abandonado por todos sempre passava na minha mente.
Levantei-me para orar, mas ajoelhando-me, estava envergonhada pela frieza de minhas orações. Pensava não ter confiado em realmente receber o que pedia, e em ter pedido por mero sentimento de compaixão para com aquele que sofria. Não confiara até receber. Oh, que superficialidade, que vergonha! Vergonha de meu zelo missionário? Escondi o rosto nas mãos e exclamei: - Senhor Jesus, dá-me um raio de luz e mostra-me o valor de uma alma humana -. Cristãos, tereis já pedido com toda a sinceridade o que eu pedi?

Fiquei de joelhos até sentir a realidade do Calvário. Não posso descrever aquelas horas. Passaram despercebidas e nelas aprendi o que jamais soubera; o que significa agonizar por uma alma. Vi meu Senhor, como nunca, e fiquei ali até obter a resposta. Quando voltei para meu quarto, meu marido me disse: - Como vai o teu mineiro? - Vai ser salvo -, repliquei. – De que modo vais arranjar isso? Perguntou ele. – O Senhor Jesus vai salvá-lo -, ajuntei.

O dia seguinte me trouxe uma lição que até então não aprendera. Geralmente eu aguardava a tarde, para ir visitar aquele homem. Nesse dia, porém, despachei os meninos para a escola, deixei o trabalho e preparei-me para ir visitá-lo. Uma vizinha veio bater-me à porta para dizer-me que desejava acompanhar-me até lá acima. – Eu não desejava a companhia, mas outra lição me esperava. Deus planeja melhor do que nós. Essa vizinha estava com sua filha, e, chegadas à cabana, ela me disse: - Esperarei aqui fora; a senhora entrará, não é melhor assim?

Não sei que mudança esperava eu daquele homem; ele saudou-me com terríveis blasfêmias, porém não me ofenderam. Jesus estava diante de mim, pude ocultar-me por detrás dEle.

Comecei a mudar a água da bacia e a toalha de que se servia o doente diariamente, sem nunca agradecer-me por este trabalho.

De repente a gargalhada cristalina de uma criança feriu o ar como o canto do sabiá. O que é isso? Disse o homem inquieto. – É uma menina que está esperando por mim, ali fora. – Por que não a deixa entrar? Disse ele, com voz diferente e em tom que jamais lhe ouvira.

Fui à porta, chamei a pequenita, e tomando-a pela mão, disse: Entra Anita, vem ver o homem doente. Anita olhou para o doente e fugiu gritando: - Tenho medo -. Chamei-a de novo, animando-a: - Coitado do pobre homem, ele não pode levantar-se, ele quer vê-la.

Parecia um anjo, a pequena Anita com sua face emoldurada por cabelos longos, olhinhos ternos e compassivos, mãos cheias de flores, colhidas na sua passagem. Ela inclinou-se para o doente e disse: - Tenho dó do senhor.... pobre homem. Quer algumas flores? Ele estendeu a mão esquálida por sobre as flores e foi tocar no rosto rechonchudo da criança; grossas lágrimas corriam-lhe dos olhos enquanto dizia: - Também tive uma filhinha, mas morreu. Chamava-se Anita também. Ela gostava de mim. Ninguém mais gostou de mim, acho que seria muito diferente se ela vivesse. Desde que ela morreu tenho odiado todo mundo
.
Eu havia encontrado a chave para abrir aquele coração. Veio-me ao pensamento o resultado da oração daquela noite e disse; - Quando falei de sua mãe e de sua mulher o senhor blasfemou delas; percebo agora que não eram boas mulheres, porque se fossem, o senhor não teria procedido assim, eu nunca conheci um homem capaz de injuriar uma boa mãe.

-- Boas mulheres! A senhora nada sabe a respeito delas. Não pode imaginar o que eram. - Pois bem, se sua filhinha tivesse vivido e crescido a seu lado, não se teria tornado semelhante a elas? Quereria o senhor tê-la viva de tal maneira? Com certeza ele nunca pensara assim, seus olhos pareceram incertos por um momento. Quando se voltaram para mim, aquele homem disse: - Oh! Meu Deus, não! Antes quereria matá-la. É melhor que tenha morrido.

Estendi-lhe o braço e tocando-lhe a mão disse: - O Senhor Jesus não quis que ela se parecesse com tal gente. Ele a amou melhor do que o senhor. Por isso Ele a levou para onde ela pode ser guardada pelos anjos. Ele cuida dela em seu lugar. Hoje ela espera pelo senhor. Não quererá ir vê-la de novo?   - Oh! Eu estou disposto a ser queimado mil vezes contanto que possa ver de novo minha querida Nitinha.


Oh, meus irmão podeis imaginar a gloriosa história que contei naquela hora e eu sabia de que modo contá-la porque estava em plena comunhão com Jesus, bem ao pé do Calvário. Ele compreendeu por que Jesus veio salvar um tão pobre pecador. O homem arfou por três vezes em um profundo suspiro e depois, agarrando-me a mão disse: - O que é que a senhora disse o outro dia? Que podemos falar com alguém invisível? O que queria dizer com isto? - Eu estava falando sobre a oração. Eu sempre falo com Jesus por meio da oração. – Pois bem, fale agora depressa! Diga-lhe que quero ver de novo minha filhinha. Diga-lhe tudo que quiser, mas ore por mim.

Tomei as mãos da minha companheira, coloquei-as sobre as trêmulas mãos daquele homem, que perdera sua Nitinha, e desejava vê-la de novo. Ela orou assim: - Meu bom Jesus, este homem está muito doente, perdeu a sua filhinha e está muito triste por isso. Eu também fico muito triste, porque estou vendo como ele está. Não queres ajudá-lo e mostrar-lhe onde está sua filhinha? Faze isto, sim? Amém.

O céu parecia estar aberto diante de nós. Podíamos ver o Senhor com as mãos e os pés feridos pelos cravos da cruz.

Anita, a minha companheira, esquivou-se logo, mas aquele homem continuou a dizer: - Fale mais sobre isto, diga-lhe tudo. Ah! É verdade, a senhora não; e ele começou a falar como uma torrente. Confessando coisas, para mim quase inimagináveis. Foram precisos três dias de constante oração para que aquela alma cansada abandonasse tudo por aquele que salva, o grande Redentor, Jesus Cristo.
Viveu ainda semanas, parecendo que Deus queria demonstrar a realidade da mudança. Um dia falei-lhe de nossos cultos. -- Muito me agradaria ir a um culto, porque nunca fui. Arranjamos uma reunião e o povo concorreu das montanhas e das minas, enchendo a casa. --- Meus companheiros, disse o doente naquela reunião: Escutai o que ela vai nos dizer a respeito do HOMEM QUE MORREU POR MIM.
Comecei a falar, contando singelamente a história da cruz, mas ele interrompeu-me, exclamando: - Oh, meus amigos! Eu sei que não estais acreditando nem a metade do que ela diz, porque, do contrário havíeis de chorar. Não podereis ficar assim. Meus amigos ajudem-me a levantar. Eu mesmo quero contar a história. --- Meus companheiros sabeis como a água carrega na sua passagem o lodo e deixando o ouro puro. Pois foi assim comigo. O Sangue desse Jesus, de quem ela fala, me lavou justamente desta maneira. Carregou para fora de mim todo o meu pecado, e deixou-me a certeza de tornar a ver a minha Nitinha, ao lado desse HOMEM QUE MORREU POR MIM . Oh, meus amigos e companheiros, não quereis amá-lo também?



Visitando-o alguns dias depois, conheci que estava próximo o fim. Era preciso deixá-lo à noite sob os cuidados de dois vizinhos. Despedindo-me dele disse: -- Boa noite -, e ele replicou: -- Dou-lhe boa noite aqui e lhe darei “Bom dia” lá no céu.

Voltando na manhã seguinte, encontrei a porta fechada e os dois vizinhos sentados ao lado de um cadáver. Quando me aproximei, eles se levantaram e afastaram o lençol que cobria o rosto do morto, onde eu pude ler os sinais da paz que estavam no semblante daquele pobre homem. Os vizinhos disseram-me então: -- Desejaríamos que a senhora o tivesse visto antes de morrer. Era meia noite, o seu rosto tornou-se resplandecente, e sorrindo ele nos disse: -- Vou agora meus amigos; digam a ela que vou ver
O HOMEM QUE MORREU POR MIM.

Eu me ajoelhei naquele mesmo lugar e, segurando aquelas mãos manchadas de sangue humano, orei mais uma vez: “Senhor, dá um raio de luz e mostra-me o valor de uma alma”.
______________________________________________
(Christian Triumph Company – 909 Bluntzer Street. – Corpus Christi, Texas 78405, EUA)


(Republicado)

4 comentários:

  1. Tambem ja estou a seguir o blog do irmao, como nao tinha maneira de encontrar seu blog, nao me era possivel segui-lo. Vou tambem colocar um banner nos meus blogs.
    Um abraço, e muita paz de Jesus.

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  2. A Paz do Senhor irmão Antônio!

    Obrigado por esta parceria. Esperamos que Deus muito nos abençoe neste ministério!

    Abraços de seu amigo irmão em Cristo...

    Pr. João Q. Cavalheiro
    www.aramasi.blogspot.com

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  3. Um texto edificante! Deus abençoe ricamente sua vida hoje e sempre! Que em nós sempre paire o amor de Deus em favor de nosso próximo, pois para isso fomos resgatados e transformados por Jesus.

    Graça e paz
    Missionaria Cleusa Klein

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  4. A Paz do Senhor Missionária Cleusa!

    Obrigado por sua visita e comentário neste meu modesto blog. Muita honra concede-nos suas palavras. Certamente também estarei visitando e seguindo seu blog.
    Abraços de seu irmão em Cristo....

    João Q. C.

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