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terça-feira, 1 de março de 2011

O FIM DA INQUISIÇÃO NA ESPANHA – UMA HISTÓRIA SINISTRA

Graças às conquistas de Napoleão Bonaparte, chegou finalmente o dia em que o Santo Ofício encerraria de vez suas nefandas atividades na Espanha. É interessante saber como esse memorável evento ocorreu.

"............................Tomando a vela, começou a descer a escada.
Havia, lá embaixo, uma vasta sala quadrangular, denominada de “a sala do juízo”. No meio dela havia um bloco com uma corrente a que se costumava acorrentar os acusados. De um lado havia um assento elevado, espécie de trono, que se denominava “o trono do julgamento”, que era ocupado pelo inquisidor geral. Havia em cada lado assentos destinados aos padres que se ocupavam da Inquisição.
Uma porta, à direita, dava acesso a muitas celas que se estendiam em todo o comprimento do edifício. Nessas celas os soldados franceses se depararam com as mais dolorosas cenas que pudessem imaginar. Eram prisões onde as pobres vítimas permaneciam encarceradas durante anos até que a morte as vinha libertar de seus sofrimentos. E quando morriam, seus corpos continuavam ali até que se consumissem, e as celas estivessem, então, em condições de receber novas vítimas. Desse subterrâneo saíam tubos que conduziam para bem longe o ar infecto dos corpos humanos em decomposição.
Um historiador desse evento, em artigo publicado em uma revista de grande circulação, afirma que nessas velhas celas foram encontrados cadáveres de pessoas mortas havia pouco tempo, ao passo que em outras só restavam as ossadas, presas ainda às suas cadeias.
Em algumas celas, porém – prossegue o articulista – foram encontrados prisioneiros ainda vivos, pessoas de ambos o sexos e de todas as idades, completamente nuas e presas por correntes. Imediatamente os soldados começaram a libertá-las das cadeias e, cobrindo-as com seus capotes, queriam conduzi-las à luz, no que, porém, foram impedidos pelo coronel. Este, reconhecendo o perigo que isso representava, ordenou que lhes dessem primeiramente de comer, e que depois fossem gradualmente conduzidas para fora.
Prosseguindo em sua busca, os franceses encontraram uma sala ampla em que estavam os instrumentos com que as vítimas eram torturadas. Consistia o primeiro em uma máquina a que era atado o indivíduo, sendo-lhes então quebrados os ossos, um após outro, primeiramente os dedos, depois as mãos e os braços e finalmente o corpo, até estar completamente morto.
O segundo instrumento de tortura era um caixão em que o pescoço e a cabeça da pessoa eram de tal modo atarrachados que a vítima não podia mais movê-los. Acima do caixão estava suspenso um reservatório de água do qual, de segundo em segundo, caía uma gota sobre na cabeça, no mesmo lugar, causando um dos mais horríveis suplícios.
O terceiro instrumento era uma máquina horizontal, sobre a qual amarravam a vítima e a colocavam entre duas vigas crivadas de facas. Acionado o instrumento, a vítima era retalhada em pequenos pedaços. Aquele instrumento era chamado de “virgem”.
Diante desses instrumentos infernais, prova da mais requintada crueldade, a ira dos soldados não teve limites. Resolveu-se que cada um dos inquisidores devia ser morto por uma daquelas fábricas de sofrimento. O furor era indomável e o coronel não se opôs.
Um dos inquisidores foi imediatamente morto na máquina de quebrar ossos. Outro, submetido à tortura da gota de água, chegou a suplicar com lágrimas que o poupassem de tão horríveis sofrimentos.
Chegou, enfim, a vez do inquisidor geral, que foi conduzido perante a virgem. Pediu por sua vez com insistência que o poupassem daquele horrível abraço.
- Não! - responderam os soldados. - O senhor obrigou outros a beijá-la, e agora é a sua vez de fazê-lo.
Cruzando as baionetas, os soldados empurraram o inquisidor geral para dentro do círculo fatal. A bela virgem, apertando-o em seus braços, retalhou-o em mil pedaços. Diante daquelas cenas, o coronel sofreu um desmaio e deixou aos soldados a tarefa de fazer justiça contra os habitantes daquela casa.
A notícia do assalto à casa da Inquisição havia chegado a Madri, e grande multidão se dirigia à sede do Santo Ofício. “Que movimento de vida! Parecia uma ressurreição. Umas cem pessoas, que haviam sido consideradas mortas, eram agora restituídas aos seus queridos. Havia pais que tornaram a achar seus filhos; mulheres que tornaram a ver seus maridos, e filhos que tornaram a abraçar seus pais. Poucos eram aqueles que não tinham ao menos um amigo no meio daquela multidão. Nenhuma pena teria podido escrever aquela tocante cena”.
Dispersada a multidão, o coronel Lamanowski ordenou a retirada da casa da Inquisição de todos os objetos de valor. Depois mandou trazer da cidade grande quantidade de pólvora, que foi acondicionada no porão. Minutos depois o belo edifício voava majestosamente pelos ares, transformando-se num montão de ruínas. A Inquisição espanhola finalmente desaparecera!"
A inquisição acabou, mas não as perseguições. Ainda hoje em muitos países, e agora acentuadamente, cristãos vem sendo de maneira sistemática vítimas de maus tratos, privações, torturas e intolerância. Debaixo regimes de exceção, ou não, cristãos tem sido proibidos de reunir-se para cultuar, até mesmo em suas casas. Igrejas têm sido destruídas e os crentes trancafiados em prisões, sem julgamento, maltratados por causa de sua fé e não poucas vezes torturados até a morte. Lares tem sido desfeitos, famílias separadas.
De uma maneira mais velada em países chamado democráticos vem sendo outorgadas leis, que em nome de uma pretensa liberdade, visa atacar diretamente a igreja em seus princípios bíblicos fundamentais. Em nome dessas mesmas leis a igreja vem sofrendo uma opressão que priva ou limite a liberdade de pregar, evangelizar e clamar contra o pecado. Diante de tantas limitações, contudo, não esqueçamos o Senhor Jesus disse: “As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja – Mt 16.18.
Pr. João Q. Cavalheiro 

Adaptado:  Abraão de Almeida em  Lições da História , Editora Vida, 2000, pp 223-227)

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