Etimologicamente, o termo “apócrifo” significa: “oculto”, “escondido”. É usado para designar os 14 ou 15 livros, ou partes de livros que, em algum tempo, foram colocados entre os livros do Velho e do Novo Testamento. Eles aparecem anexados nas versões Septuaginta e Vulgata Latina.
O vocábulo tem sido
empregado de forma diferente por católicos e protestantes:
Para os protestantes
“apócrifo” designa o conjunto de livros ou porções de livros que não fazia
parte do cânon (lista de livros inspirados) hebraico;
Para os católicos
“Apócrifo” se refere aos livros que os estudiosos protestantes chamam de pseudo-epígrafos.
Os livros que os
protestantes chamam de “apócrifos”, os católicos chamam de “Deutero-
canônicos”.
Para os protestantes, os
livros apócrifos não foram inspirados por Deus. São importantes fontes
documentais para o conhecimento da história, cultura e religião dos Judeus.
Também muito úteis para nossa compreensão dos acontecimentos inter testamentários (entre o Velho e o Novo Testamento). Mas não para estarem
lado a lado com a literatura canônica (inspirada por Deus), pois ao compararmos
uma literatura com a outra, logo percebemos profunda e radical diferença no
estilo, na autoridade e até nos ensinamentos.
A igreja Católica só se
lembrou de incluí-los no Cânon (lista de livros inspirados por Deus) em 15 de
abril de 1546, no Concílio de Trento, impondo-os aos seus fiéis como livros
inspirados. Quem não aceitasse a decisão da igreja, seria por ela amaldiçoado.
Por que rejeitamos os
apócrifos?
Se a mente divina inspirou
a cada escritor, o produto destes diferentes autores deve estar em harmonia
entre si.
Portanto, os primeiros
livros se constituem o critério para todos os demais livros que se consideram
ou são chamados de inspirados. Mas os livros conhecidos como apócrifos:
1. Não se harmonizam em
ensino e doutrina com Moisés e outros profetas canônicos;
2. Nem Jesus, nem os
apóstolos citaram os livros apócrifos como fonte de autoridade.
Por que então, a Igreja
Católica continua apegada aos livros apócrifos? Porque as doutrinas fictícias
dos apócrifos confirmam falsos ensinos da igreja, como por exemplo: oração
pelos santos, falsas curas, dar esmolas para libertar da morte e do pecado, e
salvação pelas obras.
Eis alguns ensinos de
apócrifos:
1. Ensino da Arte Mágica –
Tobias 6:5-8. Refutação bíblica: Marcos 16:17; Atos 16:18
2. Dar Esmolas Purifica do
Pecado – Tobias 12: 8 e 9; Eclesiático 3:33. Refutação bíblica: 1 Pedro 1:18 e
19; Judas 24
3. Pecados Perdoados pela
Oração – Eclesiástico 3:4. Refutação bíblica: Prov. 28:1; 1 João 1:9; 2: 1e2.
4. Orações pelos Mortos – 2
Macabeus 12: 42-46. Refutação bíblica: Atos 2:34; Isaías 38:18; Lucas 16:26;
Isaías 8:20.
5. Ensino do Purgatório –
Sabedoria 3:1-4 (imortalidade da alma). Refutação bíblica: 1 João 1:7
6. O Anjo Relata uma
Falsidade – Tobias 5: 1-19. Refutação bíblica: Lucas 1:19
7. Uma Mulher Jejuando toda
Sua Vida – Judith 8: 5 e 6.
Esta é uma história
parecida com outras lendas católicas com respeito a seus santos canonizados.
Uma mulher dificilmente jejuaria por toda sua vida. Jesus, mesmo sendo
divino-humano, jejuou 40 dias, não pela vida toda.
8. Simeão e Levi mataram os
habitantes de Siqueia por ordem de Deus – Judite 9:2
Refutação bíblica: Deus não
tinha nada a ver com isto: Gênesis 34:30; 49: 5-7; Romanos 12: 19, 17
9. A Imaculada Conceição –
Sabedoria 8:19 e 20. Este texto é usado pelos católicos para sustentar a
doutrina de que Maria nascera sem pecados. Refutação bíblica: Lucas 1: 30-35;
Salmo 51:5; Romanos 3:23.
10. Ensinos da Crueldade e
do Egoísmo – Eclesiástico 12:6. Refutação bíblica: Provérbios 25:21,22; Romanos
12:20; João 6:5; Marcos 6:44-48.
Há muitos outros
ensinamentos errados, mas, creio serem estes suficientes para aceitarmos que
tais livros devem realmente ficar fora da lista de livros inspirados.
Apócrifos do Antigo
Testamento
1) O 1º Livro de Esdras;
2) O 2º Livro de Esdras;
(Na versão Vulgata: O Esdra Canônico é chamado de 1º Esdras e Neemias de 2º
Esdras; enquanto o 1º Livro de Esdras apócrifo é chamado de 3º Esdras).
3) Tobias;
4) Judite;
5) Adições ao Livro de
Ester;
6) A Sabedoria de Salomão;
7) A Sabedoria de Jesus o
filho de Sisaque, ou Eclesiástico;
8) Baruque;
9) A Carta de Jeremias;
10) A oração de Azarias e o
Canto das Três Jovens;
11) Susana;
12) Bel e o Dragão;
13) A oração de Manasses;
14) O 1º Livro de Macabeus;
15) O 2º Livro de Macabeus;
Apócrifos Deutero-canônicos
1) Tobias;
2) Judite;
3) Adições ao Livro de
Éster (10:4 – 16:22);
4) Sabedoria;
5) Eclesiástico;
6) Baruque;
7) Susana (Daniel 13);
8) Bel e o Dragão (Daniel
14);
9) 1º Macabeus;
10) 2º Macabeus;
Apócrifos do Antigo
Testamento
Os apócrifos do Antigo
Testamento podem ser facilmente identificados comparando os livros das Bíblias
utilizadas pela maioria das “Sociedades Bíblicas” com uma Bíblia Católica.
Na comparação abaixo, os
livros sublinhados constituem os apócrifos (chamados de Deutero-canônicos pelos
Católicos). Aqueles não sublinhados são aceitos como canônicos por protestantes
e Católicos.
Pentateuco: Gênesis, Êxodo,
Levíticos, Números e Deuteronômio;
Históricos: Josué, Juízes,
Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis, 1 Crônicas, 2 Crônicas, Esdras,
Neemias, Tobias, Judite, Ester (com acréscimos), 1 Macabeus, 2 Macabeus.
Sapienciais: Jó, Salmos,
Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico.
Proféticos: Isaías,
Jeremias, Lamentações, Baruque, Ezequiel, Daniel (com acréscimo), Oséias, Joel,
Amós, Abdias (Obadias), Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu,
Zacarias, Malaquias.
Total: 46 Livros
39 Canônicos
+7 Deutero-canônicos ( =
aqueles sublinhados)
Apócrifos do Novo
Testamento
Os apócrifos do Novo
Testamento não oferecem problema porque são rejeitados por todas as igrejas
cristãs. E não podia ser diferente. Observe o ensino, como por exemplo, do
evangelho de São Tomé:
“Jesus atravessava uma
aldeia e um menino que passava correndo, esbarra-lhe no ombro. Jesus irritado,
disse: Não continuarás tua carreia. Imediatamente o menino caiu morto. Seus
pais correram a falar com José, este repreende a Jesus que castiga os
reclamantes com terrível cegueira”.
Tal relato não é compatível
com a sublimidade dos ensinos de Cristo e é suficiente para provar que este
evangelho é espúrio. “Trouxeram-lhe, então, algumas crianças, para que lhes
impusesse as mãos e orasse; mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém,
disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é
o reino dos céus. E, tendo-lhes imposto as mãos, retirou-se dali.” Mateus
19:13-15.
Lista dos Apócrifos do Novo
Testamento
1) Evangelhos: Evangelho
Segundo Hebreus, Evangelho dos Egípcios; Evangelhos dos Ebionitas; Evangelho de
Pedro; Protoevangelho de Tiago, Evangelho de Tomé; Evangelho de Filipe,
Evangelho de Gamaliel; Evangelho da Verdade.
2) Epístolas: Epístola de
Clemente; as 7 Espístolas de Inácio; aos Efésios, aos Magnésios, aos Trálios,
aos Romanos, aos Filadélfios, aos Esmirnenses e a Policarpo; a Epístola de
Policarpo aos Filipenses; Epístola de Barnabé.
3) Atos: Atos de Paulo,
Atos de Pedro, Atos de João, Atos de André, Atos de Tomé.
4) Apocalipses: Apocalipse
de Pedro, o Pastor de Hermas, Apocalipse de Paulo, Apocalipse de Tomé;
Apocalipse de Estêvão.
5) Manuais de Instrução:
Didaquê ou Ensino dos 12 Apóstolos, 2 de Clemente. Pregação de Pedro.
Total: 34 livros – são mais
do que os Canônicos do Novo Testamento (que somam 27).
Muitos destes livros disputaram
um lugar junto ao Cânon Bíblico, mas graças a Deus, foram rejeitados pela
Igreja Cristã, assessorada pelo Espírito Santo. Se estes livros pertencessem à
lista de livros inspirados por Deus, certamente manchariam a beleza da sã e
pura Palavra de Deus.
Devemos, portanto, nos
apegar apenas aos 66 livros como dignos de confiança em termos da revelação de
Deus ao homem. Nestes livros, 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento,
temos toda a revelação necessária para a salvação do homem. A Sociedade Bíblica
do Brasil –
com razão – adota estes 66
livros como padrão para as Bíblias que produz.
Fontes:
Texto: Prof. Jorge Mário em Bíblia Online