Senhor, dá-me um raio de luz e mostra-me o valor de uma alma!
“Quis, em tempos, ser missionária, mas foi outra a minha vida”. O correr da vida levou-me às costas do Pacífico, na Califórnia.
Falaram-me ali de certo tuberculoso que estava a expirar e acrescentavam: É um homem tão repugnante que não se lhe pode tolerar a companhia: alguns vizinhos levam-lhe de comer todos os dias e deixam-no ao seu lado. Qualquer dia irão encontrá-lo morto. Quanto mais cedo melhor. Esse homem nunca teve alma pelos jeitos. Essa história impressionou-me: não pude esquecer desse moribundo abandonado. Durante o dia no lidar da casa pensava constantemente nele. Resolvi, por fim, procurar um homem Cristão para ir visitá-lo. Procurei por três dias e já desalentada com a indiferença da última resposta, comecei a pensar: “Por que não iria eu mesma vê-lo? Não queria eu um trabalho missionário e não é esse um trabalho missionário?”. Não havia ainda pensado em tal.
Resolvi partir um dia para a montanha em busca da choupana do abandonado. Ali chegando, encontrei a porta aberta e a um canto sobre um pouco de palha o moribundo envolto em alguns farrapos. O pecado assinalara de modo horrível aquele semblante. Logo que esse homem percebeu a minha sombra à entrada, desferiu-me um olhar terrível e fez chover uma nuvem de blasfêmias. Adiantei-me sob esta saraivada infecta e disse - Não fale assim meu amigo - Não sou seu amigo. Não tenho amigos, replicou ele. – Pois bem, eu tenho-lhe amizade e.... -, mas a tempestade de pragas continuava: - não pode ter amizade, nunca houve quem me tivesse amizade, e agora não quero mais procurar amizade de ninguém, - Dei-lhe algumas frutas que trouxera e perguntei-lhe se não se lembrava de sua mãe, procurando enternecer-lhe o coração; ele, porém blasfemou contra sua mãe. Perguntei-lhe se não tivera uma esposa; ele blasfemou contra esposa. Falei-lhe de Deus ele blasfemou contra Deus. Procurei fazê-lo pensar em Jesus, na sua morte por nós, mas dirigiu-me uma tremenda injúria dizendo-me: - Tudo isto é mentira. Ninguém jamais morreu por outrem.
Fiquei desalentada e pensativa: - Não há esperança -. Voltei no dia seguinte e continuei invariavelmente por duas semanas, sem notar mudanças. Afinal resolvi: - Não irei mais -. À noite deitando meus filhinhos, não orei como de costume pelo mineiro. Meu filho notou a diferença e disse: - Mamãe, você não orou pelo homem mau -. Não pude dormir aquela noite. Aquele homem abandonado por todos sempre passava na minha mente.
Levantei-me para orar, mas ajoelhando-me, estava envergonhada pela frieza de minhas orações. Pensava não ter confiado em realmente receber o que pedia, e em ter pedido por mero sentimento de compaixão para com aquele que sofria. Não confiara até receber. Oh, que superficialidade, que vergonha! Vergonha de meu zelo missionário? Escondi o rosto nas mãos e exclamei: - Senhor Jesus, dá-me um raio de luz e mostra-me o valor de uma alma humana -. Cristãos, tereis já pedido com toda a sinceridade o que eu pedi?
Fiquei de joelhos até sentir a realidade do Calvário. Não posso descrever aquelas horas. Passaram despercebidas e nelas aprendi o que jamais soubera; o que significa agonizar por uma alma. Vi meu Senhor, como nunca, e fiquei ali até obter a resposta. Quando voltei para meu quarto, meu marido me disse: - Como vai o teu mineiro? - Vai ser salvo -, repliquei. – De que modo vais arranjar isso? Perguntou ele. – O Senhor Jesus vai salvá-lo -, ajuntei.
O dia seguinte me trouxe uma lição que até então não aprendera. Geralmente eu aguardava a tarde, para ir visitar aquele homem. Nesse dia, porém, despachei os meninos para a escola, deixei o trabalho e preparei-me para ir visitá-lo. Uma vizinha veio bater-me à porta para dizer-me que desejava acompanhar-me até lá acima. – Eu não desejava a companhia, mas outra lição me esperava. Deus planeja melhor do que nós. Essa vizinha estava com sua filha, e, chegadas à cabana, ela me disse: - Esperarei aqui fora; a senhora entrará, não é melhor assim?
Não sei que mudança esperava eu daquele homem; ele saudou-me com terríveis blasfêmias, porém não me ofenderam. Jesus estava diante de mim, pude ocultar-me por detrás dEle.
Comecei a mudar a água da bacia e a toalha de que se servia o doente diariamente, sem nunca agradecer-me por este trabalho.
De repente a gargalhada cristalina de uma criança feriu o ar como o canto do sabiá. O que é isso? Disse o homem inquieto. – É uma menina que está esperando por mim, ali fora. – Por que não a deixa entrar? Disse ele, com voz diferente e em tom que jamais lhe ouvira.
Fui à porta, chamei a pequenita, e tomando-a pela mão, disse: Entra Anita, vem ver o homem doente. Anita olhou para o doente e fugiu gritando: - Tenho medo -. Chamei-a de novo, animando-a: - Coitado do pobre homem, ele não pode levantar-se, ele quer vê-la.
Parecia um anjo, a pequena Anita com sua face emoldurada por cabelos longos, olhinhos ternos e compassivos, mãos cheias de flores, colhidas na sua passagem. Ela inclinou-se para o doente e disse: - Tenho dó do senhor.... pobre homem. Quer algumas flores? Ele estendeu a mão esquálida por sobre as flores e foi tocar no rosto rechonchudo da criança; grossas lágrimas corriam-lhe dos olhos enquanto dizia: - Também tive uma filhinha, mas morreu. Chamava-se Anita também. Ela gostava de mim. Ninguém mais gostou de mim, acho que seria muito diferente se ela vivesse. Desde que ela morreu tenho odiado todo mundo
.
Eu havia encontrado a chave para abrir aquele coração. Veio-me ao pensamento o resultado da oração daquela noite e disse; - Quando falei de sua mãe e de sua mulher o senhor blasfemou delas; percebo agora que não eram boas mulheres, porque se fossem, o senhor não teria procedido assim, eu nunca conheci um homem capaz de injuriar uma boa mãe.
-- Boas mulheres! A senhora nada sabe a respeito delas. Não pode imaginar o que eram. - Pois bem, se sua filhinha tivesse vivido e crescido a seu lado, não se teria tornado semelhante a elas? Quereria o senhor tê-la viva de tal maneira? Com certeza ele nunca pensara assim, seus olhos pareceram incertos por um momento. Quando se voltaram para mim, aquele homem disse: - Oh! Meu Deus, não! Antes quereria matá-la. É melhor que tenha morrido.
Estendi-lhe o braço e tocando-lhe a mão disse: - O Senhor Jesus não quis que ela se parecesse com tal gente. Ele a amou melhor do que o senhor. Por isso Ele a levou para onde ela pode ser guardada pelos anjos. Ele cuida dela em seu lugar. Hoje ela espera pelo senhor. Não quererá ir vê-la de novo? - Oh! Eu estou disposto a ser queimado mil vezes contanto que possa ver de novo minha querida Nitinha.
Oh, meus irmão podeis imaginar a gloriosa história que contei naquela hora e eu sabia de que modo contá-la porque estava em plena comunhão com Jesus, bem ao pé do Calvário. Ele compreendeu por que Jesus veio salvar um tão pobre pecador. O homem arfou por três vezes em um profundo suspiro e depois, agarrando-me a mão disse: - O que é que a senhora disse o outro dia? Que podemos falar com alguém invisível? O que queria dizer com isto? - Eu estava falando sobre a oração. Eu sempre falo com Jesus por meio da oração. – Pois bem, fale agora depressa! Diga-lhe que quero ver de novo minha filhinha. Diga-lhe tudo que quiser, mas ore por mim.
Tomei as mãos da minha companheira, coloquei-as sobre as trêmulas mãos daquele homem, que perdera sua Nitinha, e desejava vê-la de novo. Ela orou assim: - Meu bom Jesus, este homem está muito doente, perdeu a sua filhinha e está muito triste por isso. Eu também fico muito triste, porque estou vendo como ele está. Não queres ajudá-lo e mostrar-lhe onde está sua filhinha? Faze isto, sim? Amém.
O céu parecia estar aberto diante de nós. Podíamos ver o Senhor com as mãos e os pés feridos pelos cravos da cruz.
Anita, a minha companheira, esquivou-se logo, mas aquele homem continuou a dizer: - Fale mais sobre isto, diga-lhe tudo. Ah! É verdade, a senhora não; e ele começou a falar como uma torrente. Confessando coisas, para mim quase inimagináveis. Foram precisos três dias de constante oração para que aquela alma cansada abandonasse tudo por aquele que salva, o grande Redentor, Jesus Cristo.
Viveu ainda semanas, parecendo que Deus queria demonstrar a realidade da mudança. Um dia falei-lhe de nossos cultos. -- Muito me agradaria ir a um culto, porque nunca fui. Arranjamos uma reunião e o povo concorreu das montanhas e das minas, enchendo a casa. --- Meus companheiros, disse o doente naquela reunião: Escutai o que ela vai nos dizer a respeito do HOMEM QUE MORREU POR MIM.
Comecei a falar, contando singelamente a história da cruz, mas ele interrompeu-me, exclamando: - Oh, meus amigos! Eu sei que não estais acreditando nem a metade do que ela diz, porque, do contrário havíeis de chorar. Não podereis ficar assim. Meus amigos ajudem-me a levantar. Eu mesmo quero contar a história. --- Meus companheiros sabeis como a água carrega na sua passagem o lodo e deixando o ouro puro. Pois foi assim comigo. O Sangue desse Jesus, de quem ela fala, me lavou justamente desta maneira. Carregou para fora de mim todo o meu pecado, e deixou-me a certeza de tornar a ver a minha Nitinha, ao lado desse HOMEM QUE MORREU POR MIM . Oh, meus amigos e companheiros, não quereis amá-lo também?
Visitando-o alguns dias depois, conheci que estava próximo o fim. Era preciso deixá-lo à noite sob os cuidados de dois vizinhos. Despedindo-me dele disse: -- Boa noite -, e ele replicou: -- Dou-lhe boa noite aqui e lhe darei “Bom dia” lá no céu.
Voltando na manhã seguinte, encontrei a porta fechada e os dois vizinhos sentados ao lado de um cadáver. Quando me aproximei, eles se levantaram e afastaram o lençol que cobria o rosto do morto, onde eu pude ler os sinais da paz que estavam no semblante daquele pobre homem. Os vizinhos disseram-me então: -- Desejaríamos que a senhora o tivesse visto antes de morrer. Era meia noite, o seu rosto tornou-se resplandecente, e sorrindo ele nos disse: -- Vou agora meus amigos; digam a ela que vou ver
O HOMEM QUE MORREU POR MIM.
Eu me ajoelhei naquele mesmo lugar e, segurando aquelas mãos manchadas de sangue humano, orei mais uma vez: “Senhor, dá um raio de luz e mostra-me o valor de uma alma”.
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(Christian Triumph Company – 909 Bluntzer Street. – Corpus Christi, Texas 78405, EUA)
(Republicado)
(Republicado)
Tambem ja estou a seguir o blog do irmao, como nao tinha maneira de encontrar seu blog, nao me era possivel segui-lo. Vou tambem colocar um banner nos meus blogs.
ResponderExcluirUm abraço, e muita paz de Jesus.
A Paz do Senhor irmão Antônio!
ResponderExcluirObrigado por esta parceria. Esperamos que Deus muito nos abençoe neste ministério!
Abraços de seu amigo irmão em Cristo...
Pr. João Q. Cavalheiro
www.aramasi.blogspot.com
Um texto edificante! Deus abençoe ricamente sua vida hoje e sempre! Que em nós sempre paire o amor de Deus em favor de nosso próximo, pois para isso fomos resgatados e transformados por Jesus.
ResponderExcluirGraça e paz
Missionaria Cleusa Klein
A Paz do Senhor Missionária Cleusa!
ResponderExcluirObrigado por sua visita e comentário neste meu modesto blog. Muita honra concede-nos suas palavras. Certamente também estarei visitando e seguindo seu blog.
Abraços de seu irmão em Cristo....
João Q. C.