O EVANGELHO E OS DESPREZADOS
Is 53.3: “Era desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores, experimentado nos trabalhos e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum”.
Mat. 11.25,16: “Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve”.
Lc. 19.10: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”.
Lc 4. 17-21: “17 E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro e tornando a dá-lo ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então, começou a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos”.
Lc 5.31, 32: “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos e sim pecadores ao arrependimento”.
Jo 17.14: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo”.
Mt 22.2-5; 8-14: “O Reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho. E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir. Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, e outro para o seu negócio; Então, disse aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas a todos os que encontrardes.
E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial ficou cheia de convidados.
E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste nupcial. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e lançai-o nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos”.
Lc 14.18-23: “E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Casei e, portanto, não posso ir. E, voltando aquele servo, anunciou essas coisas ao seu senhor. Então, o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade e traze aqui os pobres, e os aleijados, e os mancos, e os cegos. Depois, lhe disse o servo: Senhor, feito está como mandaste, e ainda há lugar. Respondeu-lhe o Senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga todos a entrar para que fique cheia a minha casa”.
INTRODUÇÃO
Certa vez uma importante autoridade determinou que fosse feita uma grande festa, o salão foi decorado, as mesas e cadeiras foram colocadas nos seus devidos lugares. A prataria e louças, que eram da melhor qualidade, estavam esplêndidos. A comissão de organizadores esmerou-se para que tudo corresse da melhor maneira e causasse boa impressão. Muitas flores foram colocadas, não só em lugares estratégicos no recinto como também na mesa, afinal os convidados eram todos da nobreza da cidade e era importante que todos se sentissem bem e pudessem apreciar a organização.
Ah! Os convidados, como já disse, eram pessoas admiráveis, nobres, e amigos do anfitrião. Quando todos os preparativos da festa estavam prontos o nosso amigo anfitrião determinou aos empregados contratados para organizar a festa que entregassem um convite assinado por ele mesmo, personalizado e endereçado a cada um dos convivas.
O dono da festa estava muito alegre, esperava ver admiração estampada no rosto de seus amigos quando se aproximassem do local da festa. A luminosidade e beleza do salão, a mesa com suas finas toalhas, as porcelanas e talheres, e as iguarias, pratos finos, chamativos e de variados sabores que seriam oferecidos aos seus caríssimos amigos.
Os empregados que foram enviados com os convites começaram a retornar um a um, mas traziam no semblante estampada a decepção, e foram logo informando a negativa dos convidados. Os motivos para desistirem foram os mais diversos.
Tais informações causaram enorme indignação no dono da festa. Ficou irritadíssimo, mas a festa estava pronta. Tomou uma decisão inusitada, determinou que os mesmos empregados saíssem pelos caminhos da cidade e pelas esquinas e convidassem qualquer pessoa que encontrassem. Um bom número de pessoas aceitou o convite e os organizadores participaram ao patrão: Tudo está feito como determinaste, mas ainda há lugar na mesa. Então aquele senhor deu outra ordem, para que os mensageiros saíssem por todos os lugares e trouxessem mendigos, maltrapilhos, escravos, ébrios e tudo mais que pudessem encontrar para que a casa se enchesse e não houvesse lugar de sobra na mesa e, assim foi feito.
Convidado e rejeitado
Quando o dono da festa foi verificar se estava tudo em ordem
Notou que havia um daqueles convidados anteriormente que, mesmo depois de haver rejeitado o convite mudou de ideia e compareceu à festa, mas não estava vestido com vestes apropriadas para a festa.
Talvez quando se dirigia para aquele local, ao aproximar-se, verificou que a maioria dos que ali compareceram eram gente de origem humilde, mendigos, prostitutas, aleijados, leprosos, ladrões, todas pessoas desprezadas pela sociedade, marginalizadas. Julgou muito humilhante misturar-se com toda aquela gente. Ele que pertencia à outra classe, pessoa respeitada, bem vista pela sociedade e referida até pelo governador, não podia misturar-se com aqueles miseráveis e entrar por aquela porta, onde recebiam uma roupa branca e ficavam todos iguais. Mas suas roupas eram muito boas, belas, pelas quais ele havia pagado alto preço. Estava muito bem, não havia necessidade de trocá-las. Procurou outra porta e entrou para o salão, escolheu um lugar estratégico onde pudesse ser notado com toda a sua pompa e ali ficou.
Foi lá que o dono da festa o notou, mas as coisas não aconteceram como ele esperava. Ao invés de ser recebido pomposamente como julgava ser, o anfitrião tomou satisfação com ele, pois era o único que estava diferente. Queria ser notado e assim o foi, porém não para sua honra. O dono da casa foi tomar satisfação com ele:
- Amigo! Como entraste aqui, sem as vestes que mandei distribuir para todos os convidados?
A esta pergunta ele emudeceu.
Permita-me imaginar ter-se travado o seguinte diálogo:
- Fui convidado, teria dito ele.
- Sim! Mas e as vestes? Não te foi entregue na entrada roupas brancas para te trocares?
- Não entrei pela porta da frente, mas furtivamente por outra entrada, havia muita gente humilde e eu não quis misturar-me com eles, mas minhas roupas estão muito boas, são todas de boa qualidade custaram muito caro. São bem melhores do que as que aquela gente está usando.
Então o anfitrião replicou:
- “Aquele que não entra pela porta é ladrão e salteador”. “Aconselho-te que de mim compres roupas brancas para que ninguém veja a vergonha da tua nudez”, pois “as vestes brancas são as obras da justiça dos santos”. E quanto àquela gente humilde a qual referiste, eu “fiz questão de colocar a todos debaixo do mesmo nível para com todos usar de misericórdia”, porque “todos pecaram e carecem da minha graça”, e “as obras humanas são todas como trapos de imundícia”, “todas as coisas estão nuas e patentes na minha presença”. “O Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos e sim pecadores ao arrependimento”.
Aquele senhor então determinou que intruso fosse colocado para fora da festa.
Mas ele reclamou:
- Mas Senhor, sempre fomos bons amigos! Até fui convidado para a tua festa “Com tua autorização e ordens, em teu nome, até curei enfermos e expulsei demônios”.
E Ele respondeu:
- “Não o conheço!”
A história acima narrada de maneira parafraseada encontra-se nos Evangelhos de Mateus e Lucas (22.2-5; 8-14; 14.18-23) respectivamente, enriquecidas com outras referências bíblicas. Dessa maneira convido o amigo leitor acompanhar-me por alguns textos bíblicos que nos afirmam que Jesus veio nos trazer um evangelho àqueles que estavam perdidos, desprezados e destinados à condenação conforme os conceitos humanos. Seja bem vindo a esse passeio pelo Evangelho e os desprezados.
JESUS FOI DESPREZADO:
Pelos gerasenos
Mc 5. 15-17.
Gadara, também chamada de Gerasa, era uma próspera cidade da Província de Decápolis, na região que fica além Jordão, a dez quilômetros a suleste do mar da Galiléia, na terra que coube à tribo de Gade nas conquistas de Israel rumo à Terra Prometida. Nesta região, que era constituída por dez cidades, razão pela qual a Província leva este nome, era comum encontrar pessoas possuídas por espíritos malignos.
Foi lá que Jesus, navegando pelo mar da Galiléia com seus discípulos, aportou com um barquinho e foi recebido por um homem maltrapilho, quase nu, possesso por uma legião de espíritos das trevas. Esta pobre alma costumava habitar nos montes ou entre os túmulos dos cemitérios. Era repelido e quando tentavam detê-lo, muitos homens e com fortes amarras não podiam segurá-lo, tal era o poder dos espíritos que o dominavam.
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Era de se esperar que a população daquele lugar recebesse Jesus com grande alegria, pois dera liberdade a um escravo de Satanás que aterrorizava todos os habitantes daquela comunidade, mas não foi assim que aconteceu, aquele povo, de uma maneira estranha pediram que Jesus se retirasse de seus domínios. Que maneira de agradecer por uma ação de imensa compaixão por uma alma escravizada e para com o povo daquela cidade! Desprezaram o Filho de Deus e preferiram ficar à mercê do príncipe das trevas. Jesus foi rejeitado, Ele foi desprezado por quem devia ser-lhe grato.
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