SUBSÍDIOS À
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
Lição 7 do 4º Trimestre 2011
Arrependimento, a base para o Concerto
13 de Novembro de 2011
Texto Áureo
“E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter de seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra"(2 Co 7.14)
Verdade Prática
Quando o povo de Deus arrepende-se de seus pecados, além de receber o perdão divino, começa a viver uma fase de copiosas bênçãos.
Leitura Bíblica em Classe
Ne 9. 1 - 3, 16, 33-36
Objetivos
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Saber que o arrependimento é condição para um genuíno mover de Deus
- Conscientizar-se que Deus se faz presente em todos os momentos .
- Confiar na grandeza da misericórdia divina.
DEFINIÇÕES:
Reminiscência: O que se conserva na memória; A faculdade da memória; Lembrança Vaga.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Não há perdão sem a plena consciência do pecado. Isto não é uma atitude liberal do pecador, mas sim uma obra do Espírito Santo (Jo 16.8).O primeiro passo no caminho do perdão é o pecador convencer-se de seu pecado e ir em busca do arrependimento.
Convencer o pecador é obra do Espírito Santo como podemos ver em Jo 16.8 e 2 Sm 12.13.
Enquanto o pecador não admitir o erro não há condição favorável para o perdão. Submetê-lo à punição poderá até mesmo dar uma satisfação para o ofendido ou à sociedade, mas o verdadeiro perdão não será alcançado sem a plena convicção do pecador de que aquilo que ele cometeu fere a lei divina. Pagar penitências, promessas, praticar boas obras, pensando com isso abrandar a sua falha é um subterfúgio inválido perante Deus.
Perdoar pecados é divino e nem sempre o homem por sua natureza encontrará condições favoráveis para perdoar aquele que lhe ofendeu. Um discípulo de Jesus certa ocasião perguntou-Lhe até quantas vezes deveria perdoar a seu irmão durante um dia: Sete vezes? E Jesus respondeu: Não somente sete, mas setenta vezes sete, significando não haver limites para o perdão – Mt 18,21,22. Da mesma forma o pecado não perdoado será punido até setenta vezes sete – Gn 4.24.
“Todos pecaram. Não há um justo sequer” – Rm 3.23; Sl 53.3. É isso que a Bíblia afirma e quando ela faz tal afirmativa é porque por mais justo que alguém possa se achar sempre há a condição de pecador sobre ele, situação esta provinda da natureza adâmica pelo pecado da queda. Porém há sempre uma condição para que o benefício do perdão seja alcançado: A consciência do erro que conduz o pecador para o passo seguinte.
Arrependimento
Assim como o convencimento do pecado o arrependimento também é um dom de Deus. Uma vez convencido do pecado, o pecador deverá tomar o caminho do arrependimento, não o remorso, mas arrependimento. Arrependimento não é simplesmente uma confissão para alívio de consciência, com uma pré-disposição para voltar a cometer o pecado. Isto não é arrependimento, mas remorso. Arrependimento é voltar as costas ao pecado e dirigir-se àquele que pode perdoar, Jesus (Lc 3.3; 24.47).
Davi reconheceu e achou o caminho do arrependimento para o perdão, com insistência buscou do Senhor a purificação tal como alguém com uma chaga em processo infeccioso recebe o tratamento pertinente libertando-se de todos os micro-organismos que operam na região afetada e causam supuração, mau aspecto e cheiro desagradável ( Sl 51.7). A chaga feia do pecado somente será sanada com a cirurgia do arrependimento sincero.
O verdadeiro arrependimento somente existe em conjunto com a fé e do conhecimento da Palavra de Deus e jamais separado delas. Os dois elementos fazem parte da mesma volta - um regresso do pecado em direção a Deus. São partes do mesmo processo, e que se complementam.
Confissão
O perdão do pecado sempre estará condicionado a uma confissão sincera e uma disposição de abandoná-lo – Sl 32.5.
Tiago recomenda a confissão do pecado para a obtenção da cura (Tg 5.16). Assim também encontramos em Provérbios (28.13). Confissão pública ou reservada está intimamente ligada à admissão do pecado, pois aquele que encobre o pecado mostra uma atitude contrária ao preceito bíblico e indiretamente afirma que a Palavra de Deus mente (1 Jo 1.8-10). Portanto encobrir o pecado é uma barreira para se alcançar perdão.
A confissão deverá ser orientada em três aspectos, sempre visando buscar, junto ao ofendido, o perdão. Em primeiro lugar toda a ofensa, seja ela a uma pessoa qualquer, a um irmão ou à igreja, sempre será uma ofensa contra Deus (Sl 51.3,4; Jo 13.34), pois o pecador opõe-se ao mandamento divino de amar ao seu próximo como a si mesmo, mas quando o pecador toma consciência do seu pecado deverá procurar o ofendido para obter dele o perdão; ou procurar a igreja quando a ofensa estiver relacionada aos princípios doutrinários e tenha vindo a causar transtornos ou vergonha a ela (1 Co 10.32). Neste aspecto deverá sempre procurar o líder da igreja para que ele lhe dê a orientação devida (Hb 13.17).
Quando a falha do cristão estiver relacionada somente a maus pensamentos ou atos que não produzem constrangimento à igreja, ou a outrem, então o crente orará, confessará sua falta e rogará o perdão de Deus. Contudo há pessoas que mesmo após ter confessado a Deus ainda permanecem com peso na consciência e com complexo de culpa, embora não haja razão para sentir-se assim, é importante, nessa circunstância, procurar o seu pastor ou líder para então receber ajuda e orientação espiritual.
Pessoas há que tendo errado e quando o seu pecado torna-se de conhecimento público negam veementemente, mas assim mesmo concordam em receber uma disciplina da igreja, como o afastamento da comunhão por determinado tempo (com o objetivo de dar uma satisfação à congregação) e, depois voltam ao seio da igreja, sem nunca terem admitido a sua falha. Julgam que, uma vez tendo sofrido certa disciplina, estará tudo perdoado, ledo engano, pois a única punição pelo pecado Jesus já sofreu e a condição para o perdão é admissão da ofensa e o arrependimento, o pecado não admitido e confessado permanecerá corroendo e, como um câncer destruindo a alma. Pecado encoberto sempre será pecado não perdoado (Pv 28.13).
Renúncia e conversão
É necessário uma renúncia ao pecado, e isso só é possível com uma nova natureza, nascer de novo, espiritualmente – Jo 3.3-6.
Além da confissão, a Palavra de Deus estabelece outra condição para o perdão, é a disposição para não pecar mais (arrependimento). É renúncia ao pecado. De nada adianta o pecador buscar de Deus o perdão, confessando o pecado se no íntimo ainda mantém a firme intenção para voltar a pecar, isto é apenas medo de punição divina ou remorso, não conversão.
Deixar o pecado é condição necessária para o perdão (Pv 28.13). Em 2 Cr 7.14 o Senhor dizia a Salomão:
“..e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”.
Da mesma forma Isaías assim falou: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar”.
Desfazer-se de maus hábitos e de toda a sorte de pecado, tomar uma nova consciência, converter-se, mudar a direção de seu caminho e voltar-se para Deus, assim, e somente assim, o pecador poderá experimentar o perdão que Deus oferece.
Em conseqüência da natureza carnal do homem, muitas vezes ele tem dificuldade em resistir ao pecado. “Em 1 Jo 2.1 o apóstolo mostra que há uma grande diferença entre o ímpio e o crente perdoado. Pela regeneração em Cristo, o crente é feito nova criatura; o pecado já não faz parte de seu dia-a-dia, no entanto ele pode sofrer um ”acidente” espiritual, enquanto que o ímpio é em si um “acidente” constante. Ainda que haja diante do crente a constante possibilidade de pecar, ele opta por não pecar. Ele sabe que o salário do pecado é a morte, por isso o evita. O pecado que antes lhe era uma regra, hoje lhe é uma exceção; foi por isso que João escreveu: “Se, todavia, alguém pecar...”. O crente não foi liberto para continuar no pecado, contudo, ainda está sujeito a sofrer a sua influência. (sic)”. Não é de se admirar que até mesmo o apóstolo Paulo viu-se no seguinte dilema:
“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço.”Rm 7.18,19, e dá outro conselho fundamental para o crente que quiser ser vencedor:
“Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.”- Gl 5.16. Ele deverá orar como o salmista:
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto. Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua louvará altamente a tua justiça-Sl 51.10,14”. Em primeiro lugar ele roga a Deus para que seja restaurado nele um espírito reto, e renovado o seu caráter de integridade moral para não ter vontade de voltar a praticar tal imoralidade, cujo caminho subseqüente o levou a praticar um crime de sangue pelo qual ele então pede a libertação para voltar a ser justo nos seus julgamentos.
Perdoar as ofensas dos outros
De maneira explícita os cristãos fazem uso indiscriminado da oração do Pai Nosso ensinado por Jesus aos discípulos, e extensivo a toda a Igreja Cristã, conforme registrado em Mateus capítulo seis e versículos 9 a 13. Complementando o ensino de maneira enfática o Senhor instrui sobre a necessidade de perdoar ao próximo para alcançar o perdão divino:
“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas”.- Mt 6.14,15.
Portanto, aquele que busca o perdão divino deve alinhar-se ao ensino do mestre de “perdoar a toda ofensa da qual tenha sido vítima”. Pode não ser fácil, mas o cristão investido do amor demonstrado por Cristo poderá alcançar tal altruísmo:
“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, – Fp 2.5”.
BÊNÇÃOS RESULTANTES DO PERDÃO
Alegria da Salvação
Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, vós, os justos; e cantai alegremente todos vós que sois retos de coração.Sl 32.11;
Após ter alcançado o perdão que com insistência buscou Davi passou a desfrutar da alegria proveniente de um estado de espírito de liberdade. Tornou-se como uma criança totalmente livre. Pode novamente salmodiar ao Senhor seu Deus. As orações dele tinham um sabor diferente e desfrutou o prazer de estar na presença de Jeová. O choro que por muitas noites foi seu conselheiro, de uma maneira milagrosa transformou-se em alegria e satisfação.
Creio que muitos de seus salmos mais lindos e poéticos foram compostos nesta fase de sua vida. Talvez possa a sua vida ser dividida em dois períodos, antes e depois do perdão.
A família do rei que provavelmente tenha sentido quão triste ele andava pode agora contemplar no seu semblante a estampa de uma nova vida, a vida do pecador perdoado. A alegria passou a ser vista em todos os recônditos do palácio real.
Não há razão que justifique ao pecador viver em estado deplorável, semblante caído, mau humor e consciência acusadora quando Jesus está a espera para alcançar o perdão gratuitamente e devolver a alegria da salvação. Diga-se com o salmista:
Torna a dar-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um espírito voluntário - Sl 51.12
Atendimento nas suas orações
O perdão abre uma porta ao cristão para que ele possa chegar com toda a liberdade na presença de Deus, sem impedimento algum que possa causar uma interrupção de comunicação entre ele e Deus. Paulo fala em Romanos capítulo cinco e verso primeiro:
“Portanto agora nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus”.
A cédula que era contrária e condenava o pecador foi rasgada e pregada na cruz por Cristo Jesus – Cl 2.14. A partir de então o pecador pode chegar a Deus com franqueza, sem embaraços, e certamente será ouvido em suas orações.
“ Pelo que todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas a ele não chegarão - Sl 32.6”.
Prazer em testemunhar
A mesma alegria que o pecador perdoado tem por ter uma consciência limpa desejará que o seu semelhante também usufrua. É por este motivo que ele tem prazer em falar de Jesus aos demais, pois a alegria transborda em seu coração de tal modo que já não pode conter e deseja expor em público e o Espírito Santo será com ele – At 1.8.
Essa alegria o salmista passou a sentir quando conscientizou-se de que as suas falhas haviam sido perdoadas, salmodiava e cantava hinos de louvor. Com certeza muitos salmos de alegria e contentamento passou a compor a partir deste momento:
Então, ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão. Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor. Sl 51.13,15.
Cura das enfermidades
Tiago recomenda aqueles estão enfermos para que antes da oração pela cura seja feita confissão de pecados e então se faça oração pelo enfermo:
“Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.Tg 5.16.
A confissão justifica o pecador e a justificação está relacionada à fé e produz a paz com Deus. Na carta aos Romanos Paulo discorre sobre isto:
“Sendo pois justificado pela fé temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo- Rm 5.1.”
Talvez o enfermo possa alegar não ter pecado para confessar, cremos que ao fazer tal afirmação esteja referindo-se a pecados do qual lembre, pois não poderá negar a Palavra de Deus quando diz:
“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não temos pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós – 1 Jo 1.8-10”.
Em tal situação o enfermo deverá dizer como o salmista:
“Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas – Sl 19.12” (ARA).
Aceitação de suas ofertas
O primeiro registro de oferta que encontramos na Bíblia nos fala das ofertas de Abel e de Caim. Enquanto a oferta de Abel foi aceita pelo Senhor a de Caim foi rejeitada por seu coração não ser reto perante Deus (Gn 4.3-7). Não importa o tamanho da oferta, mas a sinceridade do ofertante.
Quando Jesus no monte instruía seus discípulos mais uma vez expressou essa máxima quando disse aos que lhe ouviam:
“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta – Mt 5.23,24-(ARA)”.
Agora, Davi, justificado perante Deus, pelo perdão obtido chega com plena confiança e oferece suas ofertas:
Então, te agradarás de sacrifícios de justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; então, se oferecerão novilhos sobre o teu altar.Sl 51.19.
É interessante salientarmos aqui que a oferta que o crente oferece a Deus não visa à obtenção do favor de Deus pelo seu pecado, mas sim agradecer-lhe por tudo aquilo que dele tem recebido. Existe uma grande diferença entre estas duas coisas.
CONCLUSÃO
Embora Jesus indique o caminho: “...Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai a não se por mim – Jo 14.6 (ARA)”, o pecador somente acertará por ele quando reconhecer seus pecados, arrepender-se e for perdoado. Como um labirinto, desses que vemos em revistas de passatempo, que indica a entrada e saída, mas se você não atentar corretamente, embora saiba a entrada poderá errar o percurso. Uma vez encontrado o circuito correto verá que ele sempre esteve ali, bem claro aos seus olhos, você é que não havia prestado atenção.
Um pecador perdoado não vive a esmo na incerteza com relação à salvação e à vida eterna. Não, ele tem absoluta certeza de que Deus assumiu a sua culpa pela morte vicária de seu Filho na cruz, pagando o preço pelo pecado. Está firmado na promessa divina de orientação quando inspirou o salmista no seu louvor pela alegria do perdão divino:
Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Sl 32.8.
Pr. João Q. Cavalheiro
Fonte: Composição de textos do autor em:
SUBSÍDIOS À
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
Lição 7 do 4º Trimestre 2011
Arrependimento, a base para o Concerto
13 de Novembro de 2011
Texto Áureo
“E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter de seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra"(2 Co 7.14)
Verdade Prática
Quando o povo de Deus arrepende-se de seus pecados, além de receber o perdão divino, começa a viver uma fase de copiosas bênçãos.
Leitura Bíblica em Classe
Ne 9. 1 - 3, 16, 33-36
Objetivos
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Saber que o arrependimento é condição para um genuíno mover de Deus
- Conscientizar-se que Deus se faz presente em todos os momentos .
- Confiar na grandeza da misericórdia divina.
DEFINIÇÕES:
Reminiscência: O que se conserva na memória; A faculdade da memória; Lembrança Vaga.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Não há perdão sem a plena consciência do pecado. Isto não é uma atitude liberal do pecador, mas sim uma obra do Espírito Santo (Jo 16.8).O primeiro passo no caminho do perdão é o pecador convencer-se de seu pecado e ir em busca do arrependimento.
Convencer o pecador é obra do Espírito Santo como podemos ver em Jo 16.8 e 2 Sm 12.13.
Enquanto o pecador não admitir o erro não há condição favorável para o perdão. Submetê-lo à punição poderá até mesmo dar uma satisfação para o ofendido ou à sociedade, mas o verdadeiro perdão não será alcançado sem a plena convicção do pecador de que aquilo que ele cometeu fere a lei divina. Pagar penitências, promessas, praticar boas obras, pensando com isso abrandar a sua falha é um subterfúgio inválido perante Deus.
Perdoar pecados é divino e nem sempre o homem por sua natureza encontrará condições favoráveis para perdoar aquele que lhe ofendeu. Um discípulo de Jesus certa ocasião perguntou-Lhe até quantas vezes deveria perdoar a seu irmão durante um dia: Sete vezes? E Jesus respondeu: Não somente sete, mas setenta vezes sete, significando não haver limites para o perdão – Mt 18,21,22. Da mesma forma o pecado não perdoado será punido até setenta vezes sete – Gn 4.24.
“Todos pecaram. Não há um justo sequer” – Rm 3.23; Sl 53.3. É isso que a Bíblia afirma e quando ela faz tal afirmativa é porque por mais justo que alguém possa se achar sempre há a condição de pecador sobre ele, situação esta provinda da natureza adâmica pelo pecado da queda. Porém há sempre uma condição para que o benefício do perdão seja alcançado: A consciência do erro que conduz o pecador para o passo seguinte.
Arrependimento
Assim como o convencimento do pecado o arrependimento também é um dom de Deus. Uma vez convencido do pecado, o pecador deverá tomar o caminho do arrependimento, não o remorso, mas arrependimento. Arrependimento não é simplesmente uma confissão para alívio de consciência, com uma pré-disposição para voltar a cometer o pecado. Isto não é arrependimento, mas remorso. Arrependimento é voltar as costas ao pecado e dirigir-se àquele que pode perdoar, Jesus (Lc 3.3; 24.47).
Davi reconheceu e achou o caminho do arrependimento para o perdão, com insistência buscou do Senhor a purificação tal como alguém com uma chaga em processo infeccioso recebe o tratamento pertinente libertando-se de todos os micro-organismos que operam na região afetada e causam supuração, mau aspecto e cheiro desagradável ( Sl 51.7). A chaga feia do pecado somente será sanada com a cirurgia do arrependimento sincero.
O verdadeiro arrependimento somente existe em conjunto com a fé e do conhecimento da Palavra de Deus e jamais separado delas. Os dois elementos fazem parte da mesma volta - um regresso do pecado em direção a Deus. São partes do mesmo processo, e que se complementam.
Confissão
O perdão do pecado sempre estará condicionado a uma confissão sincera e uma disposição de abandoná-lo – Sl 32.5.
Tiago recomenda a confissão do pecado para a obtenção da cura (Tg 5.16). Assim também encontramos em Provérbios (28.13). Confissão pública ou reservada está intimamente ligada à admissão do pecado, pois aquele que encobre o pecado mostra uma atitude contrária ao preceito bíblico e indiretamente afirma que a Palavra de Deus mente (1 Jo 1.8-10). Portanto encobrir o pecado é uma barreira para se alcançar perdão.
A confissão deverá ser orientada em três aspectos, sempre visando buscar, junto ao ofendido, o perdão. Em primeiro lugar toda a ofensa, seja ela a uma pessoa qualquer, a um irmão ou à igreja, sempre será uma ofensa contra Deus (Sl 51.3,4; Jo 13.34), pois o pecador opõe-se ao mandamento divino de amar ao seu próximo como a si mesmo, mas quando o pecador toma consciência do seu pecado deverá procurar o ofendido para obter dele o perdão; ou procurar a igreja quando a ofensa estiver relacionada aos princípios doutrinários e tenha vindo a causar transtornos ou vergonha a ela (1 Co 10.32). Neste aspecto deverá sempre procurar o líder da igreja para que ele lhe dê a orientação devida (Hb 13.17).
Quando a falha do cristão estiver relacionada somente a maus pensamentos ou atos que não produzem constrangimento à igreja, ou a outrem, então o crente orará, confessará sua falta e rogará o perdão de Deus. Contudo há pessoas que mesmo após ter confessado a Deus ainda permanecem com peso na consciência e com complexo de culpa, embora não haja razão para sentir-se assim, é importante, nessa circunstância, procurar o seu pastor ou líder para então receber ajuda e orientação espiritual.
Pessoas há que tendo errado e quando o seu pecado torna-se de conhecimento público negam veementemente, mas assim mesmo concordam em receber uma disciplina da igreja, como o afastamento da comunhão por determinado tempo (com o objetivo de dar uma satisfação à congregação) e, depois voltam ao seio da igreja, sem nunca terem admitido a sua falha. Julgam que, uma vez tendo sofrido certa disciplina, estará tudo perdoado, ledo engano, pois a única punição pelo pecado Jesus já sofreu e a condição para o perdão é admissão da ofensa e o arrependimento, o pecado não admitido e confessado permanecerá corroendo e, como um câncer destruindo a alma. Pecado encoberto sempre será pecado não perdoado (Pv 28.13).
Renúncia e conversão
É necessário uma renúncia ao pecado, e isso só é possível com uma nova natureza, nascer de novo, espiritualmente – Jo 3.3-6.
Além da confissão, a Palavra de Deus estabelece outra condição para o perdão, é a disposição para não pecar mais (arrependimento). É renúncia ao pecado. De nada adianta o pecador buscar de Deus o perdão, confessando o pecado se no íntimo ainda mantém a firme intenção para voltar a pecar, isto é apenas medo de punição divina ou remorso, não conversão.
Deixar o pecado é condição necessária para o perdão (Pv 28.13). Em 2 Cr 7.14 o Senhor dizia a Salomão:
“..e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”.
Da mesma forma Isaías assim falou: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar”.
Desfazer-se de maus hábitos e de toda a sorte de pecado, tomar uma nova consciência, converter-se, mudar a direção de seu caminho e voltar-se para Deus, assim, e somente assim, o pecador poderá experimentar o perdão que Deus oferece.
Em conseqüência da natureza carnal do homem, muitas vezes ele tem dificuldade em resistir ao pecado. “Em 1 Jo 2.1 o apóstolo mostra que há uma grande diferença entre o ímpio e o crente perdoado. Pela regeneração em Cristo, o crente é feito nova criatura; o pecado já não faz parte de seu dia-a-dia, no entanto ele pode sofrer um ”acidente” espiritual, enquanto que o ímpio é em si um “acidente” constante. Ainda que haja diante do crente a constante possibilidade de pecar, ele opta por não pecar. Ele sabe que o salário do pecado é a morte, por isso o evita. O pecado que antes lhe era uma regra, hoje lhe é uma exceção; foi por isso que João escreveu: “Se, todavia, alguém pecar...”. O crente não foi liberto para continuar no pecado, contudo, ainda está sujeito a sofrer a sua influência. (sic)”. Não é de se admirar que até mesmo o apóstolo Paulo viu-se no seguinte dilema:
“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço.”Rm 7.18,19, e dá outro conselho fundamental para o crente que quiser ser vencedor:
“Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.”- Gl 5.16. Ele deverá orar como o salmista:
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto. Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua louvará altamente a tua justiça-Sl 51.10,14”. Em primeiro lugar ele roga a Deus para que seja restaurado nele um espírito reto, e renovado o seu caráter de integridade moral para não ter vontade de voltar a praticar tal imoralidade, cujo caminho subseqüente o levou a praticar um crime de sangue pelo qual ele então pede a libertação para voltar a ser justo nos seus julgamentos.
Perdoar as ofensas dos outros
De maneira explícita os cristãos fazem uso indiscriminado da oração do Pai Nosso ensinado por Jesus aos discípulos, e extensivo a toda a Igreja Cristã, conforme registrado em Mateus capítulo seis e versículos 9 a 13. Complementando o ensino de maneira enfática o Senhor instrui sobre a necessidade de perdoar ao próximo para alcançar o perdão divino:
“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas”.- Mt 6.14,15.
Portanto, aquele que busca o perdão divino deve alinhar-se ao ensino do mestre de “perdoar a toda ofensa da qual tenha sido vítima”. Pode não ser fácil, mas o cristão investido do amor demonstrado por Cristo poderá alcançar tal altruísmo:
“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, – Fp 2.5”.
BÊNÇÃOS RESULTANTES DO PERDÃO
Alegria da Salvação
Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, vós, os justos; e cantai alegremente todos vós que sois retos de coração.Sl 32.11;
Após ter alcançado o perdão que com insistência buscou Davi passou a desfrutar da alegria proveniente de um estado de espírito de liberdade. Tornou-se como uma criança totalmente livre. Pode novamente salmodiar ao Senhor seu Deus. As orações dele tinham um sabor diferente e desfrutou o prazer de estar na presença de Jeová. O choro que por muitas noites foi seu conselheiro, de uma maneira milagrosa transformou-se em alegria e satisfação.
Creio que muitos de seus salmos mais lindos e poéticos foram compostos nesta fase de sua vida. Talvez possa a sua vida ser dividida em dois períodos, antes e depois do perdão.
A família do rei que provavelmente tenha sentido quão triste ele andava pode agora contemplar no seu semblante a estampa de uma nova vida, a vida do pecador perdoado. A alegria passou a ser vista em todos os recônditos do palácio real.
Não há razão que justifique ao pecador viver em estado deplorável, semblante caído, mau humor e consciência acusadora quando Jesus está a espera para alcançar o perdão gratuitamente e devolver a alegria da salvação. Diga-se com o salmista:
Torna a dar-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um espírito voluntário - Sl 51.12
Atendimento nas suas orações
O perdão abre uma porta ao cristão para que ele possa chegar com toda a liberdade na presença de Deus, sem impedimento algum que possa causar uma interrupção de comunicação entre ele e Deus. Paulo fala em Romanos capítulo cinco e verso primeiro:
“Portanto agora nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus”.
A cédula que era contrária e condenava o pecador foi rasgada e pregada na cruz por Cristo Jesus – Cl 2.14. A partir de então o pecador pode chegar a Deus com franqueza, sem embaraços, e certamente será ouvido em suas orações.
“ Pelo que todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas a ele não chegarão - Sl 32.6”.
Prazer em testemunhar
A mesma alegria que o pecador perdoado tem por ter uma consciência limpa desejará que o seu semelhante também usufrua. É por este motivo que ele tem prazer em falar de Jesus aos demais, pois a alegria transborda em seu coração de tal modo que já não pode conter e deseja expor em público e o Espírito Santo será com ele – At 1.8.
Essa alegria o salmista passou a sentir quando conscientizou-se de que as suas falhas haviam sido perdoadas, salmodiava e cantava hinos de louvor. Com certeza muitos salmos de alegria e contentamento passou a compor a partir deste momento:
Então, ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão. Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor. Sl 51.13,15.
Cura das enfermidades
Tiago recomenda aqueles estão enfermos para que antes da oração pela cura seja feita confissão de pecados e então se faça oração pelo enfermo:
“Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.Tg 5.16.
A confissão justifica o pecador e a justificação está relacionada à fé e produz a paz com Deus. Na carta aos Romanos Paulo discorre sobre isto:
“Sendo pois justificado pela fé temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo- Rm 5.1.”
Talvez o enfermo possa alegar não ter pecado para confessar, cremos que ao fazer tal afirmação esteja referindo-se a pecados do qual lembre, pois não poderá negar a Palavra de Deus quando diz:
“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não temos pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós – 1 Jo 1.8-10”.
Em tal situação o enfermo deverá dizer como o salmista:
“Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas – Sl 19.12” (ARA).
Aceitação de suas ofertas
O primeiro registro de oferta que encontramos na Bíblia nos fala das ofertas de Abel e de Caim. Enquanto a oferta de Abel foi aceita pelo Senhor a de Caim foi rejeitada por seu coração não ser reto perante Deus (Gn 4.3-7). Não importa o tamanho da oferta, mas a sinceridade do ofertante.
Quando Jesus no monte instruía seus discípulos mais uma vez expressou essa máxima quando disse aos que lhe ouviam:
“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta – Mt 5.23,24-(ARA)”.
Agora, Davi, justificado perante Deus, pelo perdão obtido chega com plena confiança e oferece suas ofertas:
Então, te agradarás de sacrifícios de justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; então, se oferecerão novilhos sobre o teu altar.Sl 51.19.
É interessante salientarmos aqui que a oferta que o crente oferece a Deus não visa à obtenção do favor de Deus pelo seu pecado, mas sim agradecer-lhe por tudo aquilo que dele tem recebido. Existe uma grande diferença entre estas duas coisas.
CONCLUSÃO
Embora Jesus indique o caminho: “...Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai a não se por mim – Jo 14.6 (ARA)”, o pecador somente acertará por ele quando reconhecer seus pecados, arrepender-se e for perdoado. Como um labirinto, desses que vemos em revistas de passatempo, que indica a entrada e saída, mas se você não atentar corretamente, embora saiba a entrada poderá errar o percurso. Uma vez encontrado o circuito correto verá que ele sempre esteve ali, bem claro aos seus olhos, você é que não havia prestado atenção.
Um pecador perdoado não vive a esmo na incerteza com relação à salvação e à vida eterna. Não, ele tem absoluta certeza de que Deus assumiu a sua culpa pela morte vicária de seu Filho na cruz, pagando o preço pelo pecado. Está firmado na promessa divina de orientação quando inspirou o salmista no seu louvor pela alegria do perdão divino:
Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Sl 32.8.
Pr. João Q. Cavalheiro
Fonte: Composição de textos do autor em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário