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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010


III. Conseqüências do pecado

Consciência acusadora:

O Salmo 51 e verso três nos faz saber: ”Porque conheço as minhas transgressões e o meu pecado está diante de mim”. A partir do momento em que Davi caiu em si, mediante a repreensão do profeta Natã, ele começou a sentir o peso de uma consciência que o acusava constantemente. Embora pudesse buscar alguma fuga, tentando amenizar ardor da acusação. Nas horas caladas da noite tinha dificuldade em conciliar o sono, revolvia-se no leito, mas o seu pecado vinha a todo o momento à lembrança. Não achava refúgio. Talvez mandasse buscar os músicos da casa real e estes tocaram para o rei, mas no momento seguinte o pecado estava na sua frente. Desta maneira agora ele tomava consciência da gravidade de seus atos e a dor aterrorizava os seus nervos. A manhã chegou e o sono não veio, o seu dia era a seqüência da tortura.
Situações semelhantes viveram Pedro e Judas, os quais após o pecado entraram em choro desesperador e remorsos respectivamente. A reação de cada um deles foi diferente. Judas, embora por reiteradas vezes avisado da gravidade da semente do pecado que ele mantinha em seu coração, não deu-se por avisado e continuou em frente no seu propósito pecaminoso. O pecado cega o entendimento de quem é envolvido em sua teia. Judas vendeu o seu mestre. Tomou consciência do erro e resolveu tomar uma atitude drástica. Visando dar um fim ao seu tormento, saiu e enforcou-se. A consciência o induziu ao remorso e à morte trágica (Mt 26.14-16; 27.4,5; At 1.16-20).
De maneira diferente reagiu Pedro, caiu na realidade do ato de ter negado o Mestre, saiu dali e foi chorar de arrependimento, à semelhança do rei Davi (Mt 26.69-75).
A consciência do pecado leva à tristeza, remorso, tormento, desespero e às vezes ao arrependimento ou à morte.

Baixa auto-estima:

É ainda no Salmo 51 que encontramos a situação de baixa auto-estima do pecador. Davi exclamou em suas palavras:
Eis que em iniqüidade fui formado, e em
pecado me concebeu minha mãe....
Não me lances fora da tua presença
e não retires de mim o teu Espírito Santo –
Sl 51.5,11”.
Ao assumir o pecado cometido Davi passou a sentir quão miserável é o pecador não perdoado. Todas as suas lembranças o levavam à miséria e humilhação. Lembrava a Lei do Senhor e ficava deprimido. Todas as pessoas que ele via julgava-as em melhor situação do que ele. Andava cabisbaixo, envergonhado e achava-se até mesmo indigno da vida.
Em tais circunstâncias é comum o pecador adotar uma atitude de submissão, revolta e situações extremadas.
Embora sendo rei Davi não se achava digno da posição que ocupava e aquilo que lhe proporcionava honra e prazer agora era peso demasiado para ele. A permanecer em tal situação ele haveria de tornar-se um eterno inconformado, reclamante, descontente e insatisfeito com tudo. Seria péssimo o restante de seu reinado. O pecado o humilhava e pressionava, tornando-se demasiadamente pesado para ele suportar.
Haveria uma saída para ele? Alguém poderia ter uma solução satisfatória para o problema do pecado? Em situação análoga Davi gritou:
Elevo os olhos para os montes: De onde me
virá o socorro? O meu socorro vem do
Senhor...” – Sl 121.1,2a.
Nessa situação é Nele que o pecador encontrará a solução. Não há outra maneira, não há outra solução, Jesus é o caminho.


Vergonha:

Sl 51. 9. “Esconde a tua face dos meus pecados e apaga todas as minhas iniqüidades”.

O rei, o mais exaltado entre os homens de sua nação não tem motivos para orgulhar-se da situação, mas a vergonha é uma constante de sua vida. Aparentemente eram três os conhecedores do pecado do Rei: Deus, de quem nada se pode esconder, Ele é onisciente; o próprio rei e o profeta Natã a quem fora incumbida a árdua tarefa de reprovar o rei. Mas não era isto que Davi sentia. Todo aquele que ele contemplava era para ele um permanente acusador a jogar-lhe em rosto todas as suas transgressões: “Impuro, adulterastes com a mulher de teu súdito. Assassino: Traíste e mataste o teu fiel soldado. Devias te envergonhar!”. E era isso exatamente o que ele sentia, vergonha. Vergonha de sua família. Vergonha de seus servos. Vergonha de seus generais. Vergonha de Deus: “Esconde de mim a tua face”.
A vergonha é, e sempre será, a conseqüência de algo que está errado, algo que não deveria ter acontecido. Qualquer outro sentimento alegado como vergonha, não estando relacionado com erro não pode ser atribuído como vergonha, mas será complexo de inferioridade, receio, timidez, etc.
A vergonha é conseqüência do erro, e enquanto não for corrigido o que está errado, ela não se ausentará do pecador. Será constante na sua vida, a menos que a consciência já esteja cauterizada, morta. É necessário haver um conserto urgente para que o pecador não se afaste da presença de Deus e perca a comunhão com Ele.





Sentimento de incapacidade:

Sl 51.16. “Porque te não comprazes
em sacrifícios, senão eu os daria;
tu não te deleitas em holocaustos.

Nada que o pecador fizer afastará sua culpa. Sacrifícios, promessas, orações, boas obras, por melhores que sejam, não poderão apagar a mácula do pecado. Que desespero e incapacidade!
Mesmo o rei, por mais poder que dispusesse, poderia fazer alguma coisa com a qual apagaria o seu pecado. O poder do pecado é imenso tal que qualquer esforço humano será ineficaz para vencê-lo.
Sacrifício e oferta não quiseste;
os meus ouvidos abriste;
holocausto e expiação pelo pecado
não reclamaste.Sl 40.6.
Que poderá oferecer o pecador em troca da absolvição da culpa? Pois o credor nada aceita como pagamento.

Enfermidades

O homem segundo o coração de Deus, o rei Davi, enfermou em conseqüência do pecado cometido. O semblante caiu à semelhança de Caim após o homicídio contra o seu irmão Abel. O sono fugiu, ficou de mau humor e da alma partia dia e noite um constante clamor. Ele mesmo afirmou que o seu físico adoeceu, seus ossos doíam e envelheceram além da normalidade.
Sl 32.3,4. “Enquanto eu me calei,
envelheceram os meus ossos pelo
meu bramido em todo o dia.
Porque de dia e de noite a tua mão
pesava sobre mim; o meu humor
se tornou em sequidão de estio.

Já há estudo científico dentro da área da medicina que afirma que mais de setenta por cento das enfermidades têm sua origem na alma, na psiquê. São doenças de cunho sentimental que tem reflexos no físico, as quais podem agravar-se de tal maneira que tornam o físico debilitado e propenso às demais doenças. Isto pode até mesmo levar à morte.
Ouvi de uma jovem senhora, cujo pai a havia abusado quando ela era ainda adolescente. Seus familiares não acreditaram nela quando fez conhecido o abuso sofrido. O pai negou o ocorrido, talvez pela própria vergonha, e a jovem foi posta para fora de casa. Ficaria abandonada se alguém da família não a tivesse acolhido.
No entanto, o pai adoeceu. A enfermidade agravou-se de tal maneira que foi necessário a internação. O quadro clínico agravou-se e o diagnóstico não oferecia solução. A morte era um fato real naquele caso. Então ele resolveu preparar-se para a partida. Fez acertos com a família e mandou chamar a filha para também pedir-lhe perdão. Quando a filha chegou encontrou o pai de uma maneira deplorável. Seu físico estava deformado, tendões e nervos atrofiados e a coluna dobrada. Então ele pediu perdão à filha, chorou a sua miséria, confessou o pecado e ela o perdoou. A partir daquele momento a situação se alterou, mudou o quadro clínico e em poucos dias estava restaurado e foi para casa totalmente curado. Assim são muitos os casos em que o pecado enfermou o homem e não são poucas as pessoas que adoeceram e literalmente morreram por causa de pecado.

Sofrimentos:

O Rei Davi experimentou as muitas dores e sofrimentos advindos do pecado. Ele não faz menção específica de que sofrimentos são estes. Contudo somos levados a concluir que os sofrimentos estão relacionados com as dores físicas provenientes das enfermidades. Terrores da alma pelas muitas noites mal dormidas, angústias e depressão.
Ele disse:

O ímpio tem muitas dores,
mas aquele que confia no SENHOR,
a misericórdia o cercará – Sl 32.10.
Cria em mim, ó Deus,
um coração puro e renova
em mim um espírito reto. Sl 51.10.

O alívio das dores advindas do pecado só poderá ser alcançado juntamente com a eliminação da causa remota do problema através do perdão.

Colheita na carne
(2 Sm 12.1 – 25 )

Embora Davi chorasse amargamente e demonstrasse arrependimento, algumas conseqüências do pecado seriam mantidas, pois a Palavra de Deus é verdadeira. O perdão foi providencial e o pecado perdeu o seu maléfico efeito frente a conseqüências para a vida eterna, mas a semente fora semeada e a colheita seria certa. O profeta enumerara uma gama de fatos que seriam provenientes, ainda durante o reinado do rei Davi como colheita na carne do preço do pecado..
Rm 2.6: “...o qual recompensará cada
um segundo as suas obras”,
Gl 6.7: “Não erreis: Deus não se deixa
escarnecer; porque tudo o que o homem
semear, isso também ceifará”.

O perdão está relacionado à consciência livre perante Deus, o eterno juiz.
Daquele relacionamento adúltero nasceu uma criança com a qual Davi começou a colher o fruto amargo da sua transgressão, vaticinado pelo profeta Nata. O menino adoeceu.

Davi chorou, rogou, jejuou e pôs o rosto sobre a terra rogando pela criança, mas já estava determinado e a criança veio a falecer. - 2 Sm 12.10-14.

Outra colheita desagradável do rei foi o incesto entre seus filhos Amnon e Tamar - 2 Sm 13.1-23. Amnon agradou-se da meia-irmã Tamar e usando de astúcia aproximou-se dela e forçou-a deitar-se com ele, desprezando-a depois. Isso causou muito ódio em Absalão, irmão da moça, o qual jurou vingança. Usando de um ardil, fez uma armadilha para Amnon e durante uma festa assassinou-o - 2 Sm 13.28,29. Imaginemos a profunda tristeza do rei pela fraqueza moral e rivalidade na sua própria família, mas era a colheita do erro cometido. Não ficou só nisto.
Temendo a punição pela morte do irmão, Absalão fugiu. Mais tarde voltou e formou uma revolta, visando, pela usurpação e força, obter o trono e destituir o próprio pai. Inicialmente obteve certo sucesso e o rei foi forçado a fugir, deixando a defesa do reino nas mãos de seu general Joabe - 2 Sm 15.1-18.
Julgando-se dono do poder e para tornar-se abominável ao pai, Absalão publicamente abusou das concubinas do pai – 2 Sm 16.21,22.
Durante a resistência o rei Davi, recomendara expressamente a Joabe que em obtendo sucesso contra Absalão poupasse a vida do moço. Mas não foi assim que aconteceu. O general Joabe logrou êxito contra o exército de Absalão, e esse, quando viu-se em desvantagem, fugiu pela mata, ficou preso pelos cabelos na galhada de uma árvore e Joabe matou-o (2 Sm 18.12-15). A todos os dissabores somou-se mais este ao Rei Davi. Tudo isso veio em cumprimento das predições do profeta Natâ como conseqüências do pecado do rei (2 Sm 12.1 –25).
Não ficou somente nisso, uma peste avassaladora grassou pelo país, dizimando a população até aplacar-se a ira e a justiça divinas - 2 Sm 24.10-17.



Morte:
Rm 6.23.

A conseqüência final do pecado é a morte, não somente a morte física, mas a morte espiritual, distanciamento de Deus e condenação eterna.
O pecado já está julgado e lavrada a sentença final pelo justo juiz, e ele não voltará atrás nesta decisão. A sentença é de morte. A Bíblia afirma:

A alma que pecar essa morrerá – Ez 18.20”.

Todos os homens pecaram, sem distinção, não há um justo sequer (Rm 6.23). Houvesse um pecador que tivesse alcançado justificação pelas suas obras, na observância da lei, e não haveria a necessidade de Deus enviar o seu próprio Filho. Não é possível alcançar a justificação, a não ser pela grande misericórdia do justo. A misericórdia de Deus se manifesta no sacrifício de seu próprio Filho, Jesus, como solução para o pecado (Gl 3.13; Ef 2.18; Cl 2.14).

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