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domingo, 12 de dezembro de 2010

CONDIÇÕES PARA O PERDÃO

IV. O caminho do perdão:

     
Convencer do pecado

   Convencer o pecador é obra do Espírito Santo como podemos ver em Jo 16.8 e  2 Sm 12.13.
   O primeiro passo no caminho do perdão é o pecador convencer-se de seu pecado. Não há perdão sem a plena consciência do pecado. Isto não é uma atitude liberal do pecador, mas sim uma obra do Espírito Santo (Jo 16.8). Enquanto o pecador não admitir o erro não há condição favorável para o perdão. Submetê-lo à punição poderá até mesmo dar uma satisfação para o ofendido ou à sociedade, mas o verdadeiro perdão não será alcançado sem a plena convicção do pecador de que aquilo que ele cometeu fere a lei divina. Pagar penitências, promessas, praticar boas obras, pensando com isso abrandar a sua falha é um subterfúgio inválido perante Deus.
    Perdoar pecados é divino e nem sempre o homem por sua natureza encontrará condições favoráveis para perdoar aquele que lhe ofendeu. Um discípulo de Jesus certa ocasião perguntou-Lhe até quantas vezes deveria perdoar a seu irmão durante um dia: Sete vezes? E Jesus respondeu: Não somente sete, mas setenta vezes sete, significando não haver limites para o perdão – Mt 18,21,22. Da mesma forma o pecado não perdoado será punido até setenta vezes sete – Gn 4.24.
   “Todos pecaram. Não há um justo sequer” – Rm 3.23; Sl 53.3. É isso que a Bíblia afirma e quando ela faz tal afirmativa é porque por mais justo que alguém possa se achar sempre há a condição de pecador sobre ele, situação esta provinda da natureza adâmica pelo pecado da queda. Porém há sempre uma condição para que o benefício do perdão seja alcançado: A consciência do erro que conduz o pecador para o passo seguinte.
    


Arrependimento

   Assim como o convencimento do pecado o arrependimento também é um dom de Deus. Uma vez convencido do pecado, o pecador deverá tomar o caminho do arrependimento, não o remorso, mas arrependimento. Arrependimento não é simplesmente uma confissão para alívio de consciência, com uma pré-disposição para voltar a cometer o pecado. Isto não é arrependimento, mas remorso. Arrependimento é voltar as costas ao pecado e dirigir-se àquele que pode perdoar, Jesus
(Lc 3.3; 24.47).
   Davi reconheceu e achou o caminho do arrependimento para o perdão, com insistência buscou do Senhor a purificação tal como alguém com uma chaga em processo infeccioso recebe o tratamento pertinente libertando-se de todos os micro-organismos que operam na região afetada e causam supuração, mau aspecto e cheiro desagradável ( Sl 51.7). A chaga feia do pecado somente será sanada com a cirurgia do arrependimento sincero.

    O verdadeiro arrependimento somente existe em conjunto com a fé e jamais separado da mesma. Os dois elementos fazem parte do mesmo retorno - um regresso do pecado em direção a Deus. São partes do mesmo processo, e que se complementam.



Confissão

    O perdão do pecado sempre estará condicionado a uma confissão sincera e uma disposição de abandoná-lo – Sl 32.5.
   Tiago recomenda a confissão do pecado para a obtenção da cura (Tg 5.16). Assim também encontramos em Provérbios (28.13). Confissão pública ou reservada está intimamente ligada à admissão do pecado, pois aquele que encobre o pecado mostra uma atitude contrária ao preceito bíblico e indiretamente afirma que a Palavra de Deus mente (1 Jo 1.8-10). Portanto encobrir o pecado é uma barreira para se alcançar perdão.
  A confissão deverá ser orientada em três aspectos, sempre visando buscar, junto ao ofendido, o perdão. Em primeiro lugar toda a ofensa, seja ela a uma pessoa qualquer, a um irmão ou à igreja, sempre será uma ofensa contra Deus (Sl 51.3,4; Jo 13.34), pois o pecador opõe-se ao mandamento divino de amar ao seu próximo como a si mesmo, mas quando o pecador toma consciência do seu pecado deverá procurar o ofendido para obter dele o perdão; ou procurar a igreja quando a ofensa estiver relacionada aos princípios doutrinários e tenha vindo a causar transtornos ou vergonha a ela (1 Co 10.32). Neste aspecto deverá sempre procurar o líder da igreja para que ele lhe dê a orientação devida (Hb 13.17).
   Quando a falha do cristão estiver relacionada somente a maus pensamentos ou atos que não produzem constrangimento à igreja, ou a outrem, então o crente orará, confessará sua falta e rogará o perdão de Deus. Contudo há pessoas que mesmo após ter confessado a Deus ainda permanecem com peso na consciência e com complexo de culpa, embora não haja razão para sentir-se assim, é importante, nessa circunstância, procurar o seu pastor ou líder para então receber ajuda e orientação espiritual.
   Tomamos conhecimento de pessoas que tendo errado e quando o seu pecado tornou-se de conhecimento público negaram veementemente, mas assim mesmo concordaram em receber uma disciplina da igreja, como o afastamento da comunhão por determinado tempo e, depois voltaram ao seio da igreja, sem nunca terem admitido a sua falha. Julgaram que, uma vez tendo sofrido certa disciplina, estava tudo perdoado, ledo engano, pois a única punição pelo pecado Jesus já sofreu e a condição para o perdão é admissão da ofensa, o pecado não admitido e confessado permanecerá corroendo e, como um câncer destruindo a alma. Pecado encoberto sempre será pecado não perdoado (Pv 28.13).


 Renúncia e conversão

        Quando eu era professor primário em escolas rurais, no início dos anos 70, tinha um colega que não era crente evangélico, o qual não conseguia entender o plano de salvação. Certa vez nos achamos falando sobre arrependimento e perdão e ele disse-me: “Quando eu peco, vou até o líder religioso de minha igreja, me confesso e ele me manda pagar uma penitência para ser perdoado”. Perguntei a ele: “E depois abandona o pecado?” “Não. Se for “bom” eu peco de novo”. É necessário uma renúncia ao pecado, e isso só é possível com uma nova natureza, nascer de novo, espiritualmente – Jo 3.3-6.
Além da confissão a Palavra de Deus estabelece outra condição para o perdão, é a disposição para não pecar mais. É  renúncia ao pecado. De nada adianta o pecador buscar de Deus o perdão, confessando o pecado se no íntimo ainda mantém a firme intenção para voltar a pecar, isto é apenas medo de punição divina ou remorso, não conversão.
         Deixar o pecado é condição necessária para o perdão (Pv 28.13). Em 2 Cr 7.14 o Senhor dizia a Salomão:
“..e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos  seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”.

Da mesma forma Isaías assim falou: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar”.

Desfazer-se de maus hábitos e de toda a sorte de pecado, tomar uma nova consciência, converter-se, mudar a direção de seu caminho e voltar-se para Deus, assim, e somente assim, o pecador poderá experimentar o perdão que Deus oferece.
Em conseqüência da natureza carnal do homem, muitas vezes ele tem dificuldade em resistir ao pecado.Em 1 Jo 2.1 o apóstolo mostra que há uma grande diferença entre o ímpio e o crente perdoado. Pela regeneração em Cristo, o crente é feito nova criatura; o pecado já não faz parte de seu dia-a-dia, no entanto ele pode sofrer um ”acidente” espiritual, enquanto que o ímpio é em si um “acidente” constante. Ainda que haja diante do crente a constante possibilidade de pecar, ele opta por não pecar. Ele sabe que o salário do pecado é a morte, por isso o evita. O pecado que antes lhe era uma regra, hoje lhe é uma exceção;  foi por isso que João escreveu: “Se, todavia, alguém pecar...”. O crente não foi liberto para continuar no pecado, contudo, ainda está sujeito a sofrer a sua influência. (sic)”. Não é de se admirar que até mesmo o apóstolo Paulo viu-se no seguinte dilema:

“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço.”-Rm 7.18,19, e dá outro conselho fundamental para o crente que quiser ser vencedor:

 “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.”- Gl 5.16. Ele deverá orar como o salmista:
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto. Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua louvará altamente a tua justiça-Sl 51.10,14”. Em primeiro lugar ele roga a Deus para que seja restaurado nele um espírito reto, e renovado o seu caráter de integridade moral para não ter vontade de voltar a praticar tal imoralidade, cujo caminho subseqüente o levou a praticar um crime de sangue pelo qual ele então pede a libertação para voltar a ser justo nos seus julgamentos.


Perdoar as ofensas dos outros

 De maneira explícita os cristãos fazem uso indiscriminado da oração do Pai Nosso ensinado por Jesus aos discípulos, e extensivo a toda a Igreja Cristã, conforme registrado em Mateus capítulo seis e versículos 9 a 13. Complementando o ensino de maneira enfática o Senhor instrui sobre a necessidade de perdoar ao próximo para alcançar o perdão divino:
“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas”.- Mt 6.14,15.

Portanto, aquele que busca o perdão divino deve alinhar-se ao ensino do mestre de “perdoar a toda ofensa da qual tenha sido vítima”. Pode não ser fácil, mas o cristão investido do amor demonstrado por Cristo poderá alcançar tal altruísmo:

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, – Fp 2.5”.



     BÊNÇÃOS RESULTANTES DO PERDÃO

        
Alegria da Salvação


             Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, vós, os justos; e cantai alegremente todos vós que sois retos de coração.Sl 32.11;

Após ter alcançado o perdão que com insistência buscou Davi passou a desfrutar da alegria proveniente de um estado de espírito de liberdade. Tornou-se como uma criança totalmente livre. Pode novamente salmodiar ao Senhor seu Deus. As orações dele tinham um sabor diferente e desfrutou o  prazer de estar na presença de Jeová. O choro que por muitas noites foi seu conselheiro, de uma maneira milagrosa transformou-se em alegria e satisfação.
Creio que muitos de seus salmos mais lindos e poéticos foram compostos nesta fase de sua vida. Talvez possa a sua  vida ser dividida em dois períodos, antes e depois do perdão.
A família do rei que provavelmente tenha sentido quão triste ele andava pode agora contemplar no seu semblante a estampa de uma nova vida, a vida do pecador perdoado. A alegria passou a ser vista em todos os recônditos do palácio real.
Não há razão que justifique ao pecador viver em estado deplorável, semblante caído, mau humor e consciência acusadora quando Jesus está a espera para alcançar o perdão gratuitamente e devolver a alegria da salvação. Diga-se com o salmista:

Torna a dar-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um espírito voluntário - Sl 51.12


Atendimento nas suas orações

O perdão abre uma porta ao pecador para que ele possa chegar com toda a liberdade na presença de Deus, sem impedimento algum que possa causar uma interrupção de comunicação entre ele e Deus. Paulo fala em Romanos capítulo cinco e verso primeiro:

“Portanto agora nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus”. 

             A cédula que era contrária e condenava o pecador foi rasgada e pregada na cruz por Cristo Jesus – Cl 2.14. A partir de então o pecador pode chegar a Deus com franqueza, sem embaraços, e certamente será ouvido em suas orações.

  Pelo que todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas a ele não chegarão - Sl 32.6”.




 Prazer em testemunhar

A mesma alegria que o pecador perdoado tem por ter uma consciência limpa desejará que o seu semelhante também usufrua. É por este motivo que ele tem prazer em falar de Jesus aos demais, pois a alegria transborda em seu coração de tal modo que já não pode conter e deseja expor em público e o Espírito Santo será com ele – At 1.8.
Essa alegria o salmista passou a sentir quando conscientizou-se de que as suas falhas haviam sido perdoadas, salmodiava e cantava hinos de louvor. Com certeza muitos salmos de alegria e contentamento passou a compor a partir deste momento:

              Então, ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão. Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor. Sl 51.13,15.


 Cura das enfermidades

               Tiago recomenda aqueles estão enfermos para que antes da oração pela cura seja feita confissão de pecados e então se faça oração pelo enfermo:

               “Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.Tg 5.16.

                 A confissão justifica o pecador e a justificação está relacionada à fé e produz a paz com Deus. Na carta aos Romanos Paulo discorre sobre isto:
               
                “Sendo pois justificado pela fé temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo- Rm 5.1.”

              Talvez o enfermo possa alegar não ter pecado para confessar, cremos que ao fazer tal afirmação esteja referindo-se a pecados do qual lembrem, pois não poderá negar a Palavra de Deus quando diz:

“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não temos pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós – 1 Jo 1.8-10”.

              Em tal situação o enfermo deverá dizer como o salmista:

             “Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas – Sl 19.12” (ARA).
            


 Aceitação de suas ofertas

              O primeiro registro de oferta que encontramos na Bíblia nos fala das ofertas de Abel e de Caim. Enquanto a oferta de Abel foi aceita pelo Senhor a de Caim foi rejeitada por seu coração não ser reto perante Deus (Gn 4.3-7). Não importa o tamanho da oferta, mas a sinceridade do ofertante.
               Quando Jesus no monte instruía seus discípulos mais uma vez expressou essa máxima quando disse aos que lhe ouviam:

                “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta – Mt 5.23,24-(ARA)”.
      
                Agora, Davi, justificado perante Deus, pelo perdão obtido chega com plena confiança e oferece suas ofertas:

               Então, te agradarás de sacrifícios de justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; então, se oferecerão novilhos sobre o teu altar.Sl 51.19.

                É interessante salientarmos aqui que a oferta que o crente oferece a Deus não visa à obtenção do favor de Deus pelo seu pecado, mas sim agradecer-lhe por tudo aquilo que dele tem recebido. Existe uma grande diferença entre estas duas coisas.


           
Orientação e direção

                 Quando conhecemos o Evangelho eu era ainda criança. Éramos bastante pobres e quase tudo, do pouco que tínhamos, gastamos com minha mãe, enferma, que depois de ter recorrido a todos os escassos recursos médicos de nossa região ela recebeu o veredicto, um mês ou pouco mais de vida. Foi nessas circunstâncias que meu pai conheceu Jesus. Foi inundado por uma imensa alegria a qual desejava que minha mãe também participasse, mas ela não aquiesceu de imediato. Sobre uma cama, muito doente, grávida e com poucos dias de vida ofereceu resistência a uma nova vida que se lhe oferecia.
                Em uma noite ela teve um sonho. Um pequeno grupo de pessoas humildes, vestidas de branco, entre os quais estava o meu pai, seguia por um caminho. Uma voz se fez ouvir: “Queres ser salva siga por este caminho”, foi o que ela fez logo após acordar, aceitou a Jesus e, de uma maneira miraculosa, naquela mesma noite, ela foi curada. Hoje, já decorridos mais de 52 anos, ainda permanece no caminho e direção que foi indicado. Meu pai já partiu a estar com Jesus, e a família continua no Caminho.
                Embora Jesus indique o caminho: “...Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai a não se por mim – Jo 14.6 (ARA)”, o pecador somente acertará por ele quando reconhecer seus pecados, arrepender-se e for perdoado. Como um labirinto, desses que vemos em revistas de passatempo, que indica a entrada e saída, mas se você não atentar corretamente, embora saiba a entrada poderá errar o percurso. Uma vez encontrado o circuito correto verá que ele sempre esteve ali, bem claro aos seus olhos, você é que não havia prestado atenção.
                Um pecador perdoado não vive a esmo na incerteza com relação à salvação e à vida eterna. Não, ele tem absoluta certeza de que Deus assumiu a sua culpa pela morte vicária de seu Filho na cruz, pagando o preço pelo pecado. Está firmado na promessa divina de orientação quando inspirou o salmista no seu louvor pela alegria do perdão divino:

               Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Sl 32.8.





V. COMO EVITAR O PECADO?


     a) Fugir da aparência do mal

          O apóstolo Paulo quando escreve aos Tessalonicenses exorta os crentes a não dar lugar a algo que possa aparentar o mal. Não basta não praticarmos o mal, mas é necessário que o comportamento do cristão dê testemunho de uma verdadeira conversão, evitando qualquer margem de dúvida e oportunidade para que alguém possa levá-lo a pecar.

  “Abstende-vos de toda aparência do mal -1 Ts 5.22”.
Determinado irmão desejando tomar um refrigerante, de livre e espontânea vontade, procurou um bar costumeiramente freqüentado por ébrios, jogadores e baderneiros. Outro irmão que o conhecia passando pela rua observou que o irmão “A” estava a beber no bar que não era um local freqüentado por crentes. O irmão “B” preocupou-se e imaginou que o primeiro estivesse a tomar bebidas alcoólicas e, fraco na fé. Em tal circunstância o cristão além de dar margem a que se fizesse mau juízo dele ainda ficou exposto a ofertas tentadoras do pecado. Mais uma vez Paulo conjectura em relação à licitude e a conveniência em situações análogas:
“Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas edificam – 1 Co 10.23”.



b) Não dar lugar à carne – Gl 5.17;Rm 8.4-8; 1 Jo 2.16.

               “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo”.

               Mais uma vez lembramos as palavras do apóstolo João enfatizando as fontes da tentação, portas de entrada do pecado. A carne alimentada é propensa ao pecado.
              Andar na carne é militar contra o Espírito. A carne milita coisas da carne que levam à morte, e o Espírito batalha pelas coisas do Espírito que levam à vida, ambos se opõem um ao outro.
              Se dermos lugar à carne abrimos a porta às suas obras como: inimizades, guerras, imoralidades, violência, ira, cobiça, etc.- Gl 5.21. Portanto viver na carne é um manifesto ato de inimizade contra Deus e não pode agradá-lo (Rm 8.7). Certo escritor com muita propriedade ilustrou este ensino quando disse: Em seu interior existem dois leões em constante rivalidade (a carne e o Espírito) e pergunta “Qual deles vencerá?” e enfaticamente afirma “Aquele que você melhor alimentar”.
             Se quisermos evitar o pecado precisamos vencer a carne e procurarmos viver em Espírito.





     c) Tendo a mente de Cristo

          O crente vence a tentação fazendo uso da Palavra de Deus deixando-se guiar pela vontade de Deus por intermédio do Espírito Santo. Buscando na Escritura Sagrada a direção para sua vida.
           A mente do crente, quando da conversão, sofre uma mudança. Deus faz uma permuta tirando a tendência pecaminosa por uma nova vida espiritual. Essa nova vida não alienará o novo homem, nascido do Espírito, das coisas da vida cotidiana, mas ele não se deixará envolver por coisas desse mundo, pois terá sua mente fixada em Cristo e nas coisas eternas. Deus é quem o conduzirá pelo caminho dessa nova vida. Em conseqüência dessa nova vida ele não alimentará pensamentos pecaminosos, sabendo identificar a sua origem, logo excluindo de sua mente tais pensamentos.
         

“Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo”. - 1 Co 2.16.


     d) Levando todo o pensamento cativo à obediência de Cristo

          Não significa ser cativo, mas ter os seus pensamentos subordinados à vontade de Cristo. Quando somos de Cristo Ele tem domínio sobre nós, não de uma maneira ditatorial, mas amorosamente nos conduzindo por onde devemos andar, dirigindo nossos passos.
           Esse comportamento significa, de boa vontade, andar juntos e em conseqüência disso passar a viver segundo Ele vive. Tal companheirismo não dará lugar ao desejo de pecar.

“Destruindo os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo,– 2 Co 10.5”.

 
     e) Vigiando e orando –

           Por quarenta dias Jesus se manteve em oração e jejum no deserto. Durante este tempo Ele manteve comunhão com o Pai. Tais momentos de meditação e oração proporcionaram submissão da carne e elevação do espírito. A oração é uma arma eficiente para o crente manter comunhão com Jesus, evitando dessa maneira as investidas do tentador, tal como Jesus soube resistir todas as ofertas mundanas do inimigo (Lc 4. 1-13).
           Assim como os anjos serviram a Jesus durante a  tentação do deserto (Mc 1.13), o Senhor será o nosso apoio quando passarmos por momentos semelhantes.
          Embora a oração seja essencial e imprescindível em momentos de tentação o crente não pode descuidar-se, baixar a guarda e facilitar as coisas para o inimigo. Deixando de vigiar estará vulnerável às astutas ciladas do Diabo. Na Bíblia encontramos dois bons exemplos de personagens que não vigiaram e foram enganados pelo adversário. No Éden Eva se deixou levar pela lábia da serpente, foi ludibriada, caiu no engodo da velha serpente e pecou.
         Sansão, homem dotado de uma força extraordinária, Deus o havia escolhido pra dar livramento ao povo de Israel da mão dos filisteus. Julgou-se invulnerável, deu vazão a todos os seus sentimentos carnais, descuidou-se e foi derrotado por uma mulher alugada para arrancar-lhe o segredo de sua força descomunal. Perdeu a sua força, o seu nazireado e foi servir de escravo de seus inimigos.
          Não foi sem motivo que Jesus alertou a seus discípulos a manterem-se em oração, vida consagrada espiritualmente e vigilantes:

Mt 26.41 – “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação o espírito, na verdade está pronto, mas a carne é fraca”.

      f) Enchendo-se da Palavra de Deus –

          Conheço um provérbio que muitos ministradores gostam de fazer uso dele: “Uma mente vazia é oficina de satanás”, embora não conste do Livro Sagrado, ele é muito apropriado por contextualizar com a doutrina bíblica. Embora a mente humana permaneça sempre ocupada com algum pensamento, o qual poderá ser vazio, sem objetivo. Caso tais pensamentos sejam de natureza estranha às coisas necessárias, dará ênfase à maledicência.
         Profundo conhecedor do comportamento espiritual do crente Paulo recomendava aos fiéis de Colossos: “Habite, ricamente, em vós a Palavra de Deus - Cl 3.16”. Aos fiéis felipenses Paulo foi mais explícito e abrangente: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há, se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento - Fp 4.8,9”.

    


 g) Apropriando-se pela fé dos recursos de Deus
     
     “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.– 1 Co 10.13”.

        Toda a tentação está dentro da capacidade de o homem suportar. Por mais opressiva e dominante que uma tentação possa parecer sempre será possível a resistência contra ela e o providencial livramento de Deus. Deus somente permitirá o envolvimento do crente em um processo tentador até onde ele poderá resistir. Haverá sempre uma maneira de ele escapar.
        É injustificável o crente alegar ter sido acometido de uma avassaladora tentação de maneira que não foi possível a resistência. Não. Deus é conhecedor de nossos limites e somente permitirá ao cristão a tentação até onde for as suas forças e dentro de um grau do domínio humano e sempre com uma maneira de fugir dela. O primeiro casal no jardim com certeza teve a opção de ter aceitado a proposta da serpente ou voltar as costas para ela, lembrando das recomendações do criador. Afinal, por mais belo e atraente que pudesse ser o fruto da cobiça, muitos outros eram os da permissão. Porém a concupiscências dos olhos, alimentada pela carne, foi o motivo da sucumbência à tentação.
            Jesus também, humanamente, foi exposto às mais terríveis formas de tentação. Aquelas que são natas do ser humano: satisfazer a necessidade primária de alimentar o físico, os desejos de poder, glória e riquezas. Ele venceu. Um elemento bastante didático para nós cristãos é a prova de que Ele não estava só é aquele que nos informa de que os anjos estavam bem próximos para lhe acudir no momento mais crucial da tentação.



       h) Deixando sua vida ser controlada pelo Espírito

           “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. – Gl 5.16”



       i) Desfrutando da comunhão com a igreja
         
          ”A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração. – Cl 3.16”.

            Uma das defesas providenciais de Deus para o cristão permanecer firme quando vêm as tentações é a vida em comunhão de uns com os outros. A igreja primitiva enfrentou fortes oposições por parte daqueles que haviam crucificado Jesus, mas ela foi vencedora e conseguiu alcançar dimensões proporcionais, não se deixando intimidar pelas ameaças de seus inimigos. Havia um segredo que fazia com Eloá fosse vencedora, era a comunhão  cultivada por eles na pessoa de Jesus: “Todos eles perseveravam unânimes em oração...At 1.14. E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações – At 1.42”.
Não havia reservas entre os primeiros discípulos e  este foi um fator que deu forças suficientes para vencerem e prevalecerem em tempos de oposição. É na comunhão que a Palavra do ensino e da advertência é enfatizada como orientação para estar alerta contra astutas ciladas armadas pelo inimigo.


       j) Revestir-se da armadura de Deus
      “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.
      Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
     Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
     Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
     Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus, orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar.– Ef 6.10-20”.

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