MOVIMENTO G -12 ou A VISÃO DOS 12

OUTRO EVANGELHO?

       Um dos mais controvertidos movimento da Igreja Contemporânea, o G12, ou, como preferem os que praticam o modelo dos 12, segue gerando controvérsias e informações desencontradas e jogando líderes contra líderes. Revolução ou heresia? Modernidade ou modismo? As definições são muitas.

      A VISÃO dos 12 foi criada em 1991, em Bogotá, na Colômbia, pelo pastor César Castellanos Dominguez, líder da Missão Carismática Internacional – MCI. Ele conta que o MCI começou em 1983, com uma reunião de oito pessoas na sala de sua casa e só em 1991 que surgiu a idéia se desenvolver a visão do modelo dos 12. Baseado em um método de multiplicação que usa este número como base, o sistema é uma adaptação do antigo modelo de igrejas celulares, inspirado no trabalho desenvolvido há mais de 15 anos pelo pastor Davi Young Cho, líder da Full Gospel Churc, na Coréia do Sul, considerada a maior igreja evangélica do mundo com mais de 600 mil membros.

      César Castellanos e Claudia, sua esposa, são muito conhecidos na Colômbia. Criados no Evangelho, ambos são filhos de pastores – dos nove irmãos de César, oito são pastores. Cláudia já foi Senadora e até concorreu à presidência do país. O casal conta já ter sofrido um atentado a bala, em 1997, no qual César teria sido atingido por cinco tiros e escapado da morte após dez dias em coma. Eles não esclarecem as causas do atentado.

        Líderes evangélicos de renome, como a pastora Valnice Milhomens, dirigente da Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo, com sede em São Paulo, e o pastor Renê Terra Nova, da Primeira Igreja Batista da Restauração, em Manaus/AM, tornaram-se expoentes do movimento dos 12 no Brasil. Por iniciativa do Pr. Renê, no Brasil foi instituído o segredo entre os participantes sobre o que acontece nos encontros. A primeira grande Igreja do Brasil a aderir ao movimento foi a Igreja do Evangelho Quadrangular, por intermédio de seu líder Pr. Daniel Marins.  

       No G12, cada líder de célula forma o grupo de uma dúzia de líderes. A partir daí, cada desses parte para desenvolver sua própria célula. É uma equação exponencial, portanto. Em muitos casos a igreja que adere ao modelo mantém apenas um culto semanal, a chamada celebração. A chave do processo está na célula, que geralmente reúne-se nas casas dos participantes, e não deve ser de menos de seis pessoas.

      A novidade são os encontros, espécie de mini- retiros realizados com objetivo de disciplinar os integrantes das células e são as partes mais questionadas do G12. O problema começou quando correu a notícia de que grupos evangélicos estariam inserindo métodos discutíveis, como a regressão espiritual, a “liberação do perdão para Deus”, e até mesmo práticas bizarras, como a unção dos órgãos genitais e a reclusão em quartos escuros por dias seguidos. O pastor Paulo Pimentel , diretor do Centro de Pesquisas Religiosas/CPR conta ter estado do lado de fora do local onde estava sendo realizado um encontro e dali pode ouvir quando o líder mandou que as pessoas afastassem as cadeiras e se deitassem no chão. “Então começou a fazer uma regressão psicológica com os presentes, mandando que eles visualizassem o óvulo da mãe sendo fecundado pelo espermatozóide do pai.

       Um dos métodos mais controvertidos do movimento chamado G/12 é A unção de Toronto. Recebeu este nome por ter sido difundida pela Comunidade Cristã do Aeroporto de Toronto, no Canadá. Trata-se de uma espécie de êxtase espiritual, cuja manifestação mais visível é a queda ao chão após a oração. (Reunidos no Ginásio do Ibirapuera em São Paulo, entre 29 de Junho e 02 de Julho de 2000, diversas pessoas caíram ao chão, inclusive pastores e líderes de ministérios). Enquanto o dirigente ora e ministra a unção, as pessoas vão tombando, sendo amparadas por obreiros que se posicionam previamente atrás delas. Presidida pelos casal de pastores John e Carol Arnott, o ministério aderiu ao G 12 e já conta com 125 células. A meta é formar 75 grupos de 12.

      Além da oração que provoca quedas, a comunidade de Toronto notabilizou-se por outras manifestações, como a unção do riso, pela qual o fiel começa a rir descontroladamente durante as reuniões, o milagre do dente de ouro – que fez muito sucesso no Brasil nos anos 80 e 90 – e a imitação de animais. Em determinados momentos, algumas pessoas começam a urrar como leões e a mugir como touros. Tudo é atribuído a poder do Espírito Santo. Pratica-se ainda uma inusitada cerimônia de lava-pés, semelhante ao ritual católico, realizada em pleno culto.

     Queira tomar conhecimento da versão doutrinária de alguns líderes evangélicos sobre os métodos e manifestações deste chamado modelo do G12.

• Pastor Silas Malafaia –  da Assembléia de Deus da Penha/Rio de Janeiro: “Por quantos e quantos anos a Igreja de Jesus viveu sem isso? Agora querem reinventar o evangelho. O modelo de Jesus não tem nada a ver com 12. Ele disse que devíamos fazer discípulos, não estabeleceu números. Em 1 Tessalonicenses 5.21 está escrito que devemos examinar todas as coisas e reter o que é bom. Examinar é muito diferente de provar”. 
  
  
• Pr. Paulo Pimentel – Diretor do CPR. Considera o movimento herético porque tem ocultismo, regressão e técnicas de hipnose. “Vejo nisso a Igreja em busca de novidades. O Diabo seduz, mas creio que esses pastores ainda têm tempo de se recuperarem.... Isso é espiritismo”.
  
  
• Pr. Sérgio Viula – Da igreja Batista e membro do CPR. Enxerga equívocos fundamentais no sistema, tanto em relação à teologia da salvação quanto à eclesiologia. “ Eles atribuem a salvação do homem a certos métodos, ao mero esforço dos discipuladores. Jesus não ordenou que a Igreja salvasse. Quem faz isto é o Espírito Santo”.
  
  
• Pr. Paulo Romeiro – Diretor da Agência de Informações Evangélicas (AGIR), um dos maiores especialistas brasileiros em seitas e heresias. Ele argumenta que o G12 traz em si uma série de procedimentos estranhos à luz da Bíblia. “Quebra de maldições hereditárias, mapeamento espiritual, revelações extrabíblicas e outros”. Ele critica também o caráter exclusivista dos defensores do modelo....”Qualquer grupo que se pretende único detentor da verdade está a um passo da heresia”. Segundo ele o movimento dos 12 questiona o sistema eclesiástico estabelecido e ataca a autoridade dos pastores. “Chegam a dizer que a Igreja está falida, que tudo o que foi feito até aqui não tem valor. ...”
  
  
• Pr. Ariovaldo Ramos – Presidente da Associação Evangélica Brasileira/AEVB: “O objetivo das igrejas deve ser a comunhão com Deus, a unidade dos irmãos e o crescimento do Corpo de Cristo. Acho estranha essa preocupação apenas em multiplicação como se o ministério pastoral tivesse metas de produtividade a serem alcançadas”. ...“ Mas estamos preocupados. Essa variedade de práticas que têm sido disseminadas em nome do movimento é um perigo”.

  Pr. João Q. Cavalheiro

(OLIVEIRA, Raimundo F. de. Seitas e Heresia Um Sinal dos Tempos. Rio de Janeiro (RJ): CPAD, 7ª Edição, 19; SILVA, Ezequias Soares de, em Lições Bíblicas. Seitas e Heresias, Rio de Janeiro (RJ): CPAD, 2º Trimestre de 1997;FERNANDES, Carlos e Francisco Brandão, em Eclésia, Ed.Eclésia, São Paulo/SP, Nº 57, Agosto/2000, pp 18-25; SILVA, Ezequias Soares de, em Defesa da Fé, Ed. ICP, São Paulo/SP, Nº 2, Outubro/Dezembro 1996, pp 9-15. EETAD, Escola de Educação Teológica. História da Igreja,Campinas (SP), EETAD, 1988: BREESE, Dave, Conheça as Marcas das Seitas. São José dos Campos/SP, Ed. FIEL).